A artista visual Roberta Carvalho fez sua própria ‘expedição amazônica’ e encontrou seis grandes artistas visuais: Flavya Mutran, Lúcia Gomes, Keyla Sobral, Lucie Schreiner, Paula Sampaio e JJ Nunes. Desvendar a arte contemporânea produzida por mulheres da Amazônia era o desafio, que foi cumprido, e hoje ganha projeção no centro da capital paraense.

Entre pinturas, fotografias e gravuras, Roberta promove um diálogo entre artistas de diferentes cidades e Estados com a moderna técnica do vídeo mapping – a projeção de imagens em superfícies diversas. Dispostas em sequência, as obras têm “propostas distintas, não há grande similaridade entre a produção das artistas. Isso traz uma multiplicidade valiosa”, avalia Roberta.

Através do vídeo mapping, esse leque criativo ganhou mais um desdobramento que garante ineditismo. “Gravuras, por exemplo, foram animadas, e isso recria, de certa forma, a obra”, explica Roberta. O primeiro local de exibição será a Igreja de Santo Alexandre, na Cidade Velha.

A fotógrafa paraense Flavya Mutran, com mais de 20 anos de atuação, integra o projeto com obras da série ‘There’s no place like 127.0.0.1’, que versa sobre os limites da apropriação da imagem privada de anônimos que se tornam públicas uma vez expostas na internet. Lúcia Gomes, paraense radicada na Suíça desde 2007, corrobora a ideia de que por meio da arte se modifica a maneira de pensar e sentir o mundo.

Entre os destaques da cena atual, Keyla Sobral, que traz a inédita instalação ‘São Todos Seus’, de 2014. São mais de 30 desenhos feitos em nanquim, ponto de partida para a projeção mapeada. Já Lucie Schreiner, nascida no Paraná, há anos atravessou o país até o Acre. Lá, aprendeu a entalhar com um mestre artesão e por meio da xilogravura, contar histórias.

Voltada para dentro das complexidades da Amazônia, a fotojornalista Paula Sampaio, mineira radicada em Belém desde criança, faz da imagem um discurso de denúncia. E exibe no projeto a série ‘Refúgio’. JJ Nunes, a mais jovem artista da mostra, é de Macapá, e traz uma obra que explora os limites do grafite e da pintura em mural. Para ela, o intercâmbio com artistas da região diz respeito ao desvendar da própria identidade.

“Sinto-me universal, mas de fato o ritmo de vida, a fauna, a flora, as mitologias afetam minha percepção de mundo, imaginário e criatividade”, diz JJ. O estado em que ela atua é o próximo a receber o projeto. (Com assessoria)

Confira aqui a entrevista com Roberta Carvalho.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

MAIS ACESSADAS