Mais de meio século se passou. Mas o Holocausto deixou marcas profundas que ainda são sentidas nos países que viveram os horrores da Segunda Guerra. São esses ecos do passado que surgem nas fotografias de Michel Pinho organizadas na exposição “Patrimônio da Dor”, com curadoria de Ernani Chaves, que abre amanhã à noite à visitação, às 19h30, na Galeria Theodoro Braga, do Centur.

São 14 fotografias, pinçadas entre mais de 1,2 mil imagens feitas pelo paraense entre 2010 e 2013, em cidades da Alemanha e da Polônia, com um olhar sobre a herança de dor presente nos prédios e caminhos dos campos de concentração do nazismo.

Viajante, o fotógrafo chegou a Auschwitz, um dos maiores palcos de tortura, humilhações e morte em escala mundial. O tema do nazismo já foi abordado de diversas maneiras e em diferentes mídias, mas, parado diante da história, Michel decidiu fazer a sua própria narrativa.

“Saí de Belém com a ideia de fazer esse caminho da Segunda Guerra Mundial, passando por cidades onde existiram campos de concentração. Com a exposição, espero que o público possa sair da galeria pensando na sua condição humana e como a intolerância ainda é vivida na contemporaneidade” explica Michel Pinho.

Ao questionar como a construção visual do regime totalitário pode nos ajudar a compreender a dor que emana de prédios, caminhos, banheiros e arames presentes no lugar que um dia foi campo de concentração, ele sugere o rompimento de fronteiras.

Um recorte dessa série também foi exibido como mostra convidada do 5º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia e agora a exposição foi uma das selecionadas no edital da Galeria Theodoro Braga, o que para Michel é uma forma de alcançar novos públicos. “O espaço faz parte do circuito de artes de Belém e tem um portfólio garantido de frequentadores”, afirma.

Para o fotógrafo, a expectativa é que as pessoas reflitam diante de tanta irracionalidade. “Penso que meu trabalho não tem público definido, vai desde o transeunte até o fotógrafo que gosta de acompanhar o trabalho dos colegas. Tenho a esperança que alunos de graduação de história possam ter acesso ao material. É uma tentativa de abordar temas históricos de outra forma, com um olhar mais poético e menos acadêmico”, explica o artista, que também é professor de história, já participou de coletivas na França e Bélgica, e tem obras em acervos como a Foto-arte, em Brasília.

(Diário do Pará)

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