Concretizar um projeto em linguagem audiovisual – seja para a TV, o cinema ou a web – não é algo que dependa apenas de um bom roteiro e um bom diretor. É preciso um profissional responsável também por viabilizar os recursos necessários para o projeto. Maurício Ramos, diretor executivo da empresa paulista Spcine, participou ativamente do cenário audiovisual dos últimos 20 anos, know how que ele dividiu com realizadores de Belém em recente palestra na VI Mostra de Cinema da Amazônia, falando dos caminhos abertos para este desafio às produtoras: viabilizar financeiramente seus projetos.]

Experiência não falta a Maurício, que foi produtor executivo de filmes como “Central do Brasil”, “Madame Satã” e “Linha de Passe”, além de ter coproduzido o longa “Cidade de Deus”. Atuou também na distribuição de filmes como “Lavoura Arcaica”, “Transeunte”, “Santiago”, “Jogo de Cena” e “Uma Noite em 67”. Mas, em Belém, falou principalmente da importância de empresas como a Spcine, que ele define, “foi criada para desenvolver o audiovisual em São Paulo”.

Uma das mais recentes e importantes atuações da Spcine foi lançar editais pensando na produção audiovisual da cena paulista. Ele dá uma boa notícia: “Estamos já querendo avançar para uma possibilidade 
de coproduções”.

Segundo Maurício, isso foi pensando no cenário atual brasileiro, segundo ele, muito influenciado pelo maior órgão do Brasil de regulação do segmento. “Hoje, a Ancine [Agência Nacional de Cinema] determina muito o caminho das produções e a SPcine tenta entender essa movimentação e ver aonde ela pode colaborar para esse desenvolvimento”.

Ele também elogiou a política de editais regionalizados, recém-lançados pela Agência e os apontou como um dos bons caminhos para o sustento desses projetos. “Essa política regional já é considerada um sucesso no país. Parece-me que apenas um Estado não se fez representar nos recentes editais lançados. Todos os demais, ou através do Governo ou da Prefeitura ou da TV pública - que foi exatamente o caso do Pará, inclusive –, estiveram presentes. E isso está criando um ambiente que precisa de trocas, intercâmbio. A gente (SPcine) está falando isso e gostaria de ser parceiro nesse processo, captar e articular algum entendimento de troca, de formação, informação, experiências e coprodução de fato”, diz ele.

O diretor da SPcine também informou que a Ancine pretende anunciar o segundo ano de ações do programa “Brasil de Todas as Telas”, que ajuda a fomentar o audiovisual no país a partir de diversas frentes, inclusive com o investimento em novas produções. “Isso vai acelerar um pouco mais esse processo. Já nessa primeira leva de editais, o Pará se fez muito presente, com projetos muito criativos. E vencer um edital assim é uma boa subida de degrau para o produtor, que pode com esses recursos desenvolver uma boa pesquisa, um bom roteiro, sem duvida”.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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