Égua é vírgula para quem conhece um nativo de Belém e funciona como interjeição para diversos usos. A palavra símbolo máximo da nossa linguagem regional é apenas o pontapé das obras escritas pelo jornalista Raymundo Mário Sobral, colunista do DIÁRIO, no “Dicionário Papa Chibé”. As primeiras palavras e suas devidas significações começaram a ser publicadas no extinto jornal “A Província do Pará”. Neste domingo, o autor fará o relançamento dos quatro volumes já publicados (1996, 1998, 2005 e 2010) em um só, na tenda dos autores paraenses, na Feira Pan-Amazônica do Livro.
Ele conta um pouco sobre a pesquisa que faz e também apresenta novos e antigos verbetes. Tudo começou quando o autor percebeu a grande influência da mídia de massa no vocabulário das pessoas. “Muitos costumam falar o que se diz no Sudeste por conta da televisão. Aí tive essa ideia quixotesca de sair reunindo as palavras que antigamente costumava-se usar, algumas já pouco faladas. Primeiro comecei perguntando aos meus avôs, tios e tias, de gerações mais antigas”, conta.
Encerrada essa etapa, Raymundo Sobral foi buscar na literatura paraense elementos que pudessem dar continuidade à sua pesquisa. Passou a ler autores como Dalcídio Jurandir, Bruno de Menezes, Benedito Monteiro e Lindanor Celinam, que em suas obras ressaltam a oralidade popular paraense. “Foi um trabalho de garimpagem, de ler página por página. Para mim, era como encontrar uma pepita de ouro quando encontrava um termo que pudesse aproveitar. E assim consegui fazer outros livros”, conta.
Após o processo de elaboração do dicionário e de catalogação de todas as palavras, o jornalista passou para a feira do Ver-o-Peso para buscar nas essências, ervas e produtos típicos as suas peculiaridades e aquilo que revelam. Agora, ele busca apoio para lançar a obra “Ver-o-Peso de Bolso”, com o significado da diversidade de produtos naturais encontrados no local e seus melhores usos, como, por exemplo, a andiroba, usada como anti-inflamatório e analgésico.
(Dominik Giusti/Diário do Pará)
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