Era muito mais do que eles esperavam, mas provavelmente na medida do que a fé podia reservar a eles. Os integrantes do Angelorum, coral de música sacra da Basílica Santuário de Nazaré, está em campanha para arrecadar fundos para uma viagem. Eles foram convidados a cantar na missa oficial do próximo sábado,13, na Basílica Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Portugal, pela comemoração ao Centenário das Aparições de Nossa Senhora de Fátima. E esta não será uma simples missa: nela serão canonizados os pastorinhos que tiveram a visão da Santa. A preparação nesses dias que antecedem a viagem, marcada para a próxima terça-feira, 9, é intensa, afinal ele será o único coral do Brasil a participar do evento cantando.
“Ninguém precisa dizer que a emoção é imensa, divina. Dizer que vamos cantar é muito diferente do que dizer que simplesmente estaremos lá para assistir e participar da peregrinação como todos. Vamos nos apresentar no momento da canonização dos pastorinhos para quem Nossa Senhora de Fátima apareceu, um momento que contará com a presença do Papa e de milhares de fiéis”, comemora Thaís Araújo, 32, regente do coral. “Acaba sendo incrível, mas, para quem tem fé, torna-se crível. Nós só queríamos estar lá e Deus foi tão generoso que nos ofertou este presente. Dia 13 de maio, Dia de Fátima, estaremos na casa dela e cantando”, emociona-se.
O Angelorum é formado por 20 coristas e iniciou suas atividades na Basílica, em Belém, há cerca de dois anos. Formado por jovens e experientes fiéis da Igreja, ele se apresenta todos os domingos, na missa das 10h ou das 11h, e nas solenidades, como o Natal e o encerramento do Círio de Nazaré. Na peregrinação à Fátima, o coral se apresentará em um formato com 13 integrantes. Como regente, Thaís conta que o maior trabalho é não deixar a afinação cair no choro. “Eu sempre digo que eles não podem chorar na hora. Todo ensaio, quando eles cantam o ‘Hino do Centenário’, a gente começa a chorar. Mas lá não dá, né?”, brinca.
O grupo já se organizava para participar da peregrinação como qualquer devoto comum quando recebeu o convite para esta participação de destaque. “Encaminhei um e-mail para o serviço de apoio ao peregrino, que fica em Portugal, colocando o coro à disposição para servimos ao que fosse necessário. Imaginei que seríamos voluntários para acolhimento dos peregrinos, como a gente faz aqui no Círio”, conta Thaís, que na primeira resposta foi informada de que a programação ainda não estava fechada.
“Em janeiro, chegou e-mail informando que cantaríamos na missa oficial e que eu devia escolher o repertório de acordo com as leituras”, relembra a regente, emocionada. Eles cantarão três músicas aprovadas pelo Santuário de Fátima e serão executadas com o sotaque de Portugal. São elas: “O Trigo que Deus Semeou”, de Carlos Silva e José Moreira; “Hino do Centenário”, de M.D. Duarte e J.J. Ribeiro; e “Ave de Fátima”, de Afonso Lopes Vieira e Antônio Cartageno.
Venda de CD ajuda a custear viagem
Desde que recebeu o convite, o Angelorum tem trabalhado mais intensamente em ações para conseguir o valor necessário para a viagem a Portugal. “Somos 13 integrantes e a maioria não tem recursos para uma viagem internacional. Com o convite para cantar, não queremos deixar ninguém de fora”, destaca a regente Thaís Araújo. Depois de muitas rifas e bazares, o grupo tem buscado apoio através da venda do CD “Terço da Misericórdia”, gravado por eles. “Ainda estamos em busca de recursos para alimentação, que é um valor elevado por ser em euro. Nossa meta é R$ 1,5 mil por integrante, o que daria cerca de 400 euros”, explica.
“A nossa campanha começou nove meses atrás, tudo com muita luta e muita divulgação na Basílica – que é a nossa casa –, mas também junto a nossos amigos e familiares. O CD foi o nosso carro-chefe. Com ele estamos custeando as principais despesas. Todo mundo precisou arregaçar as mangas, dar as mãos, em prol da causa”, destaca o corista Ederson Santos, 37, que também viaja com o grupo. “É uma oportunidade única. Estar perto do Papa e ser escolhido para essa missão tão bonita são coisas que tocam muito em nosso coração católico, por sermos devotos de Nossa Senhora. Desde a semana passada, em algum momento do dia, a gente chora. A viagem vai se aproximando e a emoção vai aumentando”, completa.
(Lais Azevedo/Diário do Pará)