Uma das peças mais conhecidas da música de ópera, a abertura de “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini, é tão pop que muitos serão capazes de reconhecê-la da trilha sonora de desenhos animados – quem não lembra de um dos mais clássicos episódios de “Pica-pau”?. E foi uma das escolhas do maestro Miguel Campos Neto para o concerto que a Orquestra Jovem Vale Música apresenta neste domingo, no Arte Doce Hall, com entrada franqueada ao público, dentro da agenda fixa de apresentações do grupo. A OJVM ainda interpreta a Segunda Sinfonia de Beethoven e a Segunda Sinfonia de Brahms. 

“São obras bastante difíceis, que eles estão estudando e que fazem parte da formação de músicos de orquestra. Fazem parte de repertórios cobrados em concursos de nível internacional. Tocá-las para o público dá uma bagagem musical importante para eles”, diz Glória Caputo, presidente da Fundação Amazônica de Música, entidade responsável pela OJVM e por outros quatro grupos – grupo de percussão, banda de música, coral infantil e grupo de violino -, dentro do trabalho de educação musical em parceria com a Vale e que envolve hoje 270 estudantes da rede pública de ensino. 

O concerto, explica Glória, cumpre tanto o papel de contribuir para a formação dos 70 jovens músicos da orquestra como o de ajudar a formar plateia para a música sinfônica em Belém. “Nossas plateias aos poucos vão conhecendo esse repertório de orquestra. E você só pode gostar daquilo que conhece. Isso é educação. É aprender a escutar obras que já são tocadas há 200 anos ou mais. E ao vivo, o que é muito diferente de ouvir uma gravação”, avalia ela, lembrando que ver a orquestra no palco também facilita o entendimento da música, sua composição a partir dos diferentes naipes de instrumentos e sua condução pelo maestro.

“É bom dizer que além de ser ao vivo, essa interpretação vem de uma perspectiva jovem, que é diferente, porque são alunos de 13, 14 anos. Muitas vezes os jovens não têm a mesma técnica de músicos com muitos anos de experiência tocando o mesmo repertório. Mas tem uma coisa maravilhosa que é a energia deles, que é contagiante, tocam sempre com muita emoção”, diz a presidente.

Mas não se deixe enganar pela idade desses jovens instrumentistas, achando que o trabalho é menos profissional. Ao contrário. Os grupos mantidos dentro do projeto Vale Música, em especial a Orquestra Jovem, têm sido celeiros de talentos bem treinados para o mercado musical. Já formaram músicos para a Orquestra Sinfônica do Theatro do Paz – também regida por Miguel Campos Neto – e, recentemente, para a Orquestra Jovem da Osesp, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, “uma das mais festejadas do Brasil”, bem lembra a professora Glória. “Eles têm talento. Nosso povo é muito musical. O que a gente dá é a oportunidade”, orgulha-se

Caso do jovem Pedro Sousa, de 13 anos, que acabou de encantar o Brasil no “The Voice Kids” e por pouco não passou para a finalíssima do show de talentos, que ocorre hoje. Pedro é integrante do coral infantil mantido pela Fundação Amazônica de Música e também toca clarinete e sax. “Para minha surpresa, vi outras crianças imitando o Pedro, inclusive cantando bem. Serve de estímulo. E eles podem ver que são capazes, que conseguem fazer também”.

Serviço:

Dia: 08 de abril (domingo)

Hora: 18 horas

Local: Sala Augusto Meira Filho-Arte Doce Hall (Av. Magalhães Barata, 1022).

Entrada Franca. 

(Aline Monteiro/Diário do Pará)

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