A córnea é um tecido transparente que fica na parte da frente do olho (para exemplificar, podemos compará-la ao vidro de um relógio ou a uma lente de contato). Se a córnea se opacifica (embaça) a pessoa pode ter a visão bastante reduzida ou, às vezes, até perder a visão.
Os transplantes permitem que pessoas com alguma deficiência visual por problemas de córnea recuperem a visão. Durante um transplante de córnea, o botão (ou disco) central da córnea opacificada (embaçada) é trocado por um botão central de uma córnea saudável. Esta cirurgia pode recuperar a visão em mais de 90% dos casos de pessoas que têm alguma deficiência visual por problemas de córnea.
Nesta quarta-feira (4), O Hospital Regional do Sudeste do Pará - Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá, realizou a sua primeira captação de córneas. O processo inédito foi realizado após o consentimento de familiares de um paciente de 27 anos, que teve a morte encefálica constada na unidade.
A partir do momento da doação, o HRSP fez uma corrida contra o tempo para realização de exames, documentação, acionamento da Central de Transplantes do Estado do Pará e a retirada da córnea, que deve ser realizada em até 24 horas após o falecimento do doador.
O órgão foi enviado pela unidade, que pertence ao Governo do Pará e é gerenciado pela Pró-Saúde, para o Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém - sede do Banco de Olhos Estadual. A instituição é responsável pela preservação e avaliação dos tecidos oculares.
Delyo dos Santos, enfermeiro enucleador (profissional especializado para captação do globo ocular no Regional de Marabá), explica que a iniciativa foi coordenada pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), que atua na unidade, na identificação de potenciais doadores.
"A cirurgia de captação foi realizada com sucesso e seguiu todas as recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde. Quero agradecer aos familiares do nosso doador, que mesmo nesse momento de dor, foram sensíveis e autorizaram o procedimento", destacou.
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O profissional ainda ressaltou que qualquer pessoa que vier a óbito na faixa etária entre 2 e 70 anos, e não tiver nenhuma restrição clínica, poderá ser doadora de tecido ocular após o consentimento da família.
De acordo com Valdemir Girato, diretor Hospitalar do HRSP, a atuação rápida dos profissionais da unidade na captação do órgão foi fundamental para que o procedimento fosse realizado com êxito.
"Possuímos uma equipe muito qualificada para captação de córnea, que sempre fica em alerta para realizar procedimentos como esse. Em breve, nosso desejo é realizar o transplante aqui em Marabá, beneficiando mais de 22 municípios da região", ressaltou.
Doação
No HRSP, o acolhimento e sensibilização de familiares de futuros doadores é realizado pela equipe do psicossocial e profissionais que atuam na CIHDOTT. É por meio de um atendimento humanizado que desenvolvem ações em respeito às particularidades e necessidades de cada usuário.
A assistente social do Regional de Marabá, Valdejane Barros, explica que a primeira captação de órgãos da unidade é um passo importante para que mais familiares também façam esse grande gesto de amor, que irá proporcionar a visão para outras pessoas que estão aguardando doação.
"Sempre ficamos ao lado dos familiares do doador oferecendo todo apoio psicológico e social necessário, mesmo em um momento tão difícil e doloroso”, ressalta.
O Hospital Regional do Sudeste do Pará presta atendimento 100% gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é referência para mais de um milhão de pessoas residentes em 22 municípios.
Transplante
Segundo a Central Estadual de Transplantes da Secretaria Estadual de Saúde do Pará (Sespa), mais de 1,1 mil pessoas aguardam por uma córnea no Estado. O órgão aponta a falta de informação como uma das principais barreiras para a doação dos tecidos oculares.
O transplante de córnea é o procedimento cirúrgico que permite a substituição total ou parcial da parede anterior do olho diante de doenças que atingem o tecido ocular e levam à cegueira.
Ele é indicado para corrigir doenças que afetam a estrutura da córnea, como o ceratocone, principal motivo de transplante na população jovem paraense.
Já na população idosa, geralmente, ocorre em razão da alteração ocasionada por uma complicação de cirurgia de catarata (ceratopatia bolhosa), ou por doença ocular que pode levar à perda parcial da visão (distrofia de Fuchs).
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