A previsão é que o nível do Rio Tocantins deve atingir 11,40 metros nesta segunda-feira (17) em Tucuruí, sudeste do Pará. Com as águas subindo, muitos moradores do bairro Matinha estão fazendo suas mudanças por conta própria.
O Boletim Informativo de Vazões e Níveis do Rio Tocantins, emitido pela Eletronorte aponta que a vazão prevista para hoje é de 35.576 metros cúbicos por segundo de água passando pelo vertedouro e o nível do lago a montante da Usina Hidrelétrica chegou em 73,57 metros, o que só causa mais preocupação em quem vê a água bater na porta.
José Antônio Silva, 68 anos, é um dos moradores da Matinha que não dorme direito há uma semana. Ele está cadastrado pela Defesa Civil para sair da sua casa e ir para o abrigo provisório construído pela prefeitura, mas deve ficar na casa de parentes. “Sempre que há um período de cheia, cedo do ano (sic), a água sobe demais e ficamos na mão de Deus. Só Ele pra cuidar da gente”.
Uma moradora do bairro mais atingido pela enchente disse que as autoridades estão priorizando as famílias que têm menos recursos. Quem tem melhores condições financeiras está retirando seus bens de casa e se realocando em casas de familiares ou em aluguel até que a situação melhore e a água retorne ao nível normal. “Não é seguro voltar para casa agora e o jeito é esperar mesmo o rio baixar”, declarou a moradora que preferiu não se identificar.
Quem mora no Bairro Matinha convive com o vai e vem das águas há anos. “Tem gente que mora no mesmo lugar há quase 50 anos e se recorda que em 1980 a casa ficou inteira debaixo d’água”, disse a moradora.
O temor, segundo os moradores, é que o nível do Rio Tocantins em Tucuruí atinja o mesmo que o da cheia histórica, que é considerada como a maior cheia do Rio Tocantins nos últimos 110 anos, quando o rio atingiu a vazão de 68.400 metros cúbicos por segundo, inundando toda a parte baixa da cidade de Tucuruí até a rua Santo Antônio, onde estão localizados as Escadarias e a Feira Municipal.
Para muitos moradores da Matinha, o temor de uma enchente de grandes proporções se justifica principalmente pelo fato de que os alagamentos se iniciaram muito cedo esse ano e pelo que está sendo visto ocorrer em Marabá, onde mais de 2.500 famílias já foram atingidas pelo rio.
RECORDE
A enchente recorde de 1980 é marcada pelas obras da hidrelétrica que ainda estavam na ensecadeira principal, antes do início da concretagem da barragem. Estimava-se que a vazão máxima seria de 50 mil metros cúbicos por segundo, mas o rio chegou perto de 70 milhões de litros.
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O vertedouro da usina só entrou em operação em 1984 e tem a capacidade de suportar vazão de 100 mil metros cúbicos por segundo. O volume atual é de pouco mais de 25 mil metros cúbicos por segundo.
As intensas chuvas nas cabeceiras do Tocantins e do Araguaia são atípicas, conforme a Eletronorte que teve que antecipar a abertura das comportas do vertedouro para controlar o nível do lago e reduzir o agravamento da cheia a montante da barragem.
A Prefeitura tem realojado os moradores que estão acionando a Defesa Civil por conta da enchente. Até agora 50 famílias saíram de suas casas e foram para o abrigo público ou casas de parentes. A previsão é que 100 famílias sejam impactadas pelo aumento do nível do rio em Tucuruí.
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