Se passaram 30 anos do assassinato da atriz Daniella Perez, um dos crimes mais rumorosos do Brasil. Morta pelo colega de elenco Guilherme de Pádua e pela esposa dele, Paula Peixoto (à época, Paula Thomaz), a jovem era filha de Gloria Perez, a dramaturga que escrevia a novela em que ambos atuavam, "De Corpo e Alma".
Mãe enlutada, a escritora sempre fez questão de falar sobre o crime, e não mediu esforços para que a verdade prevalecesse. Com a série "Pacto Brutal", Perez encontra mais um meio de expor o que aconteceu com a filha de 22 anos naquela noite de 28 de dezembro de 1992.
Em entrevista exclusiva a Splash, Gloria Perez conta ter entregue à produção documental da HBO Max todos os arquivos e fotos do caso, registros esses que são bastante explícitos quanto à violência sofrida pela atriz, que levou 18 punhaladas. Parte do coração de Daniella ficou à mostra com tamanha agressividade.
"Se você quer contar essa história, tem que mostrar o que eles fizeram", explica a escritora. "O que me incomoda é que esse crime tenha sido cometido e que tenha sido tratado da maneira que foi. Eu acho que as fotos não deixam minimizar nada."
Você olha e foi exatamente aquilo que foi feito. Então, me dói ver aquilo? Muito. Mas me doeu ver aquilo ao vivo, como eu vi. E ver depois como aquilo foi tratado de maneira a minimizar (o crime).
Para Perez, o caso foi reportado pela mídia de maneira errônea, por muitas vezes sendo classificado como "passional", com Guilherme de Pádua afirmando que a morte da atriz foi um acidente. "Ele dizia que foi um acaso. Mas, não foi uma coisa casual. Quando você olha aquelas fotos, você vê que não tem nada de momento, foi feito de uma forma quase ritualística."
A escritora conta que Tatiana Issa e Guto Barra, diretores de "Pacto Brutal", tiveram a liberdade de usar os registros o quanto entenderam ser necessário. "Entreguei e confiei neles. Não vou discutir a proporção das fotos, mas sim a brutalidade contida naquelas fotos."
Reviver algo tão doloroso como a morte de uma filha não poderia ser em vão e, segundo Perez, já faz alguns anos que ela sente necessidade de voltar a falar do assunto. "Esse tempo todo, essa história foi contada da maneira mais sensacionalista possível. Agora, eu queria que o processo falasse. O que me levou a aceitar fazer parte desse projeto e ceder todo o meu arquivo à HBO foi a proposta de que eles se ateriam aos autos do processo."
"Não se trata mais de apresentar versões. É o processo que fala e é só por ele que você pode entender o que aconteceu e o porquê dois psicopatas foram condenados por homicídio duplamente qualificado."
Para Gloria Perez, apenas uma coisa poderia torná-la contra "Pacto Brutal": se Guilherme de Pádua e Paula Peixoto fossem chamados para participar. "Isso eu realmente não queria que fizessem, mas também não veio na proposta deles."
Hoje em dia, se você quiser saber como eles vão, é só abrir ali as redes sociais. Eles estão lá exibindo a sua impunidade. Não precisa agora perder tempo dando microfone. Seria dar palco a psicopata.
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Condenados por homicídio qualificado por motivo torpe, com impossibilidade da defesa da vítima, Guilherme foi condenado a 19 anos, e Paula, a 18 anos e seis meses. Eles nunca receberam um diagnóstico de psicopatia e ficaram presos apenas sete anos, quando foram colocados em liberdade condicional.
Atualmente, Guilherme está casado pela terceira vez e sua esposa vem usando as redes sociais para negar que o marido seja um assassino. "Eu fiquei sabendo", disse Perez. "A minha opinião é: o tempo dirá. As máscaras caem."
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