
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou, nesta segunda-feira (14), a inclusão do lenacapavir como ferramenta nas estratégias de prevenção ao HIV, principalmente para grupos mais vulneráveis e regiões com alta incidência do vírus. O anúncio foi feito durante a Conferência Internacional de AIDS, realizada em Kigali, Ruanda.
A recomendação surge pouco mais de um mês após o medicamento ser aprovado pela FDA (agência reguladora dos Estados Unidos) como uma injeção semestral para prevenção do HIV. Antes disso, o lenacapavir já havia sido autorizado para o tratamento de infecções específicas pelo vírus, com resultados expressivos na redução de novos casos.
“Essas novas recomendações foram pensadas para aplicação no mundo real. A OMS está trabalhando de forma próxima com os países e parceiros para apoiar a implementação”, afirmou a Dra. Meg Doherty, diretora do Departamento de Programas Globais de HIV, Hepatites e ISTs da OMS.
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Segundo a especialista, a recomendação é que o lenacapavir seja ofertado como mais uma opção de profilaxia pré-exposição (PrEP), integrando estratégias combinadas de prevenção. A OMS também reforça a importância do uso de testes rápidos de triagem no início, durante ou após o uso de PrEP de longa duração.
Ação prolongada
Diferente de outras formas de PrEP — como comprimidos diários ou injeções bimestrais —, o lenacapavir é administrado a cada seis meses, podendo ser mais atrativo para pessoas que enfrentam dificuldades com o regime oral contínuo.
“Pode melhorar a adesão e alcançar mais pessoas que precisam de prevenção, inclusive grávidas e lactantes”, disse Doherty. A OMS vem oferecendo assistência técnica a países interessados em adotar o lenacapavir e as estratégias simplificadas de testagem.
Alerta sobre financiamento
Apesar do avanço no campo científico, especialistas demonstraram preocupação com a redução no financiamento internacional para o combate ao HIV. Atualmente, 80% dos programas de prevenção em países de baixa e média renda dependem de ajuda externa — que vem sendo cortada desde o início de 2025.
Segundo relatório da ONU, se esses cortes persistirem, o mundo poderá registrar 4 milhões de mortes adicionais relacionadas ao HIV e 6 milhões de novas infecções entre 2025 e 2029.
O UNAIDS alerta que países como Nigéria e Quênia já sentem os impactos da queda no financiamento, com redução drástica no número de pessoas recebendo PrEP e tratamentos antirretrovirais.
“Vimos serviços desaparecerem de um dia para o outro. Profissionais de saúde foram dispensados. E pessoas — especialmente crianças e populações-chave — estão sendo deixadas de lado”, afirmou Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS.
Medicamento sem fins lucrativos
Em resposta à crise, a farmacêutica Gilead Sciences, fabricante do lenacapavir, firmou um acordo com o Fundo Global para fornecer o medicamento sem fins lucrativos a até dois milhões de pessoas em países de baixa e média renda. O valor exato do medicamento permanece confidencial, mas o compromisso da empresa é oferecer o tratamento ao custo de produção e distribuição.
“Trata-se de um momento decisivo — não apenas para o combate ao HIV, mas para o princípio de que inovações que salvam vidas devem chegar a quem mais precisa — onde quer que vivam, e quem quer que sejam”, afirmou Peter Sands, diretor executivo do Fundo Global.
Fonte: CNN Brasil
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