A turbulência interna que sacode o Remo depois da perda do título paraense é a prova indiscutível do valor e da importância do campeonato estadual. Os idiotas da objetividade seguem defendendo por todo o país a extinção pura e simples dos regionais, alegando que são competições deficitárias e que nada contribuem, mas os fatos apontam noutra direção. Aquele que muitos consideram o menos importante torneio do calendário abala estruturas e pode provocar até mudanças de planejamento.

Desde que o clássico de domingo no Mangueirão chegou ao fim, com a festa bicolor pelo título distante da Curuzu há duas temporadas, a crise foi direto bater às portas portões do Evandro Almeida.

A pressão maior recaiu sobre o técnico Mazola Junior, chamuscado pela dupla derrota na decisão e pelos erros de posicionamento da equipe, principalmente na primeira partida. Suas escolhas e mexidas no time foram duramente criticadas. A virada espetacular do PSC no primeiro jogo, em três minutos, é apontada pela torcida e parte da diretoria como determinante para a perda do sonhado tri.

O feriado de 7 de Setembro deu uma trégua na fúria dos torcedores, mas as redes sociais fervilharam de fake news e protestos virulentos. Mazola e atletas (Fredson, Zé Carlos, Gelson e Ermel, principalmente) foram os mais alvejados, mas a diretoria não ficou imune aos ataques.

De gestão elogiada pelo rigor nas contas e pagamento de salários, sem abalos nem mesmo durante a longa paralisação do futebol, o presidente Fábio Bentes viu surgirem duras manifestações da oposição, de repente motivada a aproveitar o momento para atingir o candidato à reeleição.

Ontem, o próprio Fábio Bentes sinalizou para um acatamento às queixas da torcida azulina e anunciou que cinco dispensas serão feitas nos próximos dias, com possibilidade de haver uma ampliação da lista após o confronto com o Santa Cruz, domingo, no Recife.

Não nominou os dispensados, mas a lógica indica que o volante Xaves, os meias Douglas Packer e Robinho e os atacantes Zé Carlos e Giovane são cotadíssimos para deixar o clube. Mas, de repente, pode haver surpresa. O comportamento do zagueiro Fredson, expulso no clássico de domingo após duas faltas violentas em sequência, não foi bem assimilado no Baenão.

A entrada em cena do presidente teve o mérito de estancar a crise, mas tudo fica em aberto até as próximas apresentações do time. Um novo tropeço em Campina Grande, amanhã, poderá ter consequências sérias até quanto ao comando técnico. A conferir.

Papão tenta conter o entusiasmo e driblar a ressaca

O confronto desta noite diante da Jacuipense surge no radar do PSC como a grande oportunidade para voltar a se aproximar do G4 do grupo A da Série C. Em situação incômoda no momento, ocupando o 8º lugar, com 4 pontos, Hélio dos Anjos e seus jogadores sabem que não é hora de perder pontos em casa.

Depois de um empate (Santa Cruz) e uma vitória (Treze) na Curuzu, o PSC precisa partir para uma arrancada, a exemplo do que ocorreu no ano passado, a partir da sétima rodada. Desta vez, a vantagem é que a recuperação pode vir mais cedo, ainda na quinta rodada.

Hélio dos Anjos foi o comandante da mudança de postura do time em 2019. Coincidentemente, o PSC assumiu uma mentalidade vencedora a partir da vitória no primeiro Re-Pa. Naquele momento, os azulinos ostentavam campanha melhor e ocupavam as primeiras colocações, mais ou menos como agora.

O grande problema de Hélio para a partida contra o time baiano é o condicionamento dos jogadores, muitos sem condições de atuar após o esforço dos dois jogos decisivos do Parazão. O volante Uchôa (foto), herói do título, autor do gol que sacramentou a conquista, deve ser um dos titulares do meio-campo, juntamente com Wellington Reis e Juninho, que ficaram de fora das partidas contra o Remo por não estarem inscritos.

Caíque Oliveira pediu dispensa ontem e é outra perda para Hélio no jogo de hoje. Perema, expulso diante do Manaus na rodada passada, é outra baixa. Apesar das dificuldades para formatar um time em condições de obter os três pontos, o ânimo renovado pelo primeiro objetivo alcançado no ano é um tremendo combustível para o embate de hoje.

Enquanto Rio quer volta de torcida, EUA proíbem até barreira

Ressurgem as especulações e projetos para impor no Rio de Janeiro, por pressão do Flamengo, a volta da torcida aos estádios no Brasileiro da Série A. Os prejuízos se acumulam e até o colosso financeiro da Gávea sofre com a ausência de receitas. O déficit financeiro faz com que o bom senso fique em segundo plano e o clube volte a empunhar a bandeira do desafio às normas e protocolos de saúde.

Como exemplo contrário, nos Estados Unidos, até times estudantis de Massachussets se readaptam às regras do futebol. A CBF de lá (MIAA - Massachusetts Interscholastic Athletic Association) vetou cruzamentos, cabeçadas, agarrões, carrinhos e até a formação de barreiras nos jogos.

Curiosamente, até arremessos laterais estão proibidos. A bola será colocada em jogo com os pés. Os escanteios serão cobrados de forma indireta, para evitar aglomeração na área. E os goleiros terão o cuidado de repor a bola sem que o chute ultrapasse o meio-campo. Resta saber se as competições profissionais seguirão essas normas. Mas, como se sabe, cuidado nunca é demais.

Que os clubes brasileiros, principalmente o Flamengo, pela importância que têm, deveriam aprender com os protocolos usados em Massachussets, nem que seja apenas para aprender que com saúde não se brinca.

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