O Remo do Campeonato Paraense abre espaço para um outro time, quase completamente remodelado. Além das mudanças na escalação, passa a ter novo eixo criativo. Se antes dependia muito dos alas, agora concentra sua força no meio-campo. Com a entrada de Labarthe, João Paulo, Danilinho e Mikael, o novo Leão busca ter aquilo que tanta falta fez durante o Estadual: jogo inteligente e trabalhado na meia-cancha.

A dúvida é se esta formação conseguirá ter qualificação na ligação entre ataque e defesa. Por filosofia, o técnico Josué Teixeira sempre preferiu o esquema de transição rápida. Disse várias vezes que não gosta de perder tempo na meia-cancha com jogadas muito elaboradas. Pragmático, prefere que seu time defenda e ataque com intensidade.

Para que tal estratégia dê certo, é fundamental que o sistema defensivo seja sólido e que a ligação seja operada por especialistas. O ideal é que os volantes saibam passar e lançar, virtudes que faltavam a Marquinhos, Elizeu e Renan, do time que disputou o Parazão.

O equilíbrio de forças na Série C exige que os times mostrem mais que transpiração. Devem ter recursos técnicos para superar a forte marcação, que é característica do torneio. O novo Remo já enfrentará esse desafio no confronto de hoje à noite contra o Fortaleza.

Ao contrário da edição de 2016, quando foi facilmente superado no Mangueirão, o Fortaleza de agora tem um projeto bem delineado de busca pelo acesso. Investiu alto na contratação de reforços e foi buscar Paulo Bonamigo, um técnico que estava inativo há alguns anos e que já mostrou qualidades quando dirigiu o Remo nos anos 90.

É um confronto sem favoritos, mas o time de Josué Teixeira entra em campo sob o peso de três fracassos no começo da temporada. Perdeu a vaga na Copa do Brasil, foi eliminado vexatoriamente na Copa Verde e perdeu o título estadual para o maior rival. A torcida exige respostas e normalmente não tem paciência para esperar que os reforços se adaptem.

Resta saber se a carga de cobranças será bem assimilada pelos novos jogadores (sete estreantes) e até que ponto essa pressão irá se refletir no desempenho do time. Todos os setores da equipe foram reformulados, o que pode representar um desafio extra: a falta de entrosamento.

Quando encarou uma competição de nível apenas mediano como o Campeonato Paraense, Josué manteve sempre o esquema de três atacantes, com Gabriel Lima flutuando entre a linha ofensiva e o setor de marcação. Agora, com dois atacantes avançados, Edgar e Nino Guerreiro, Mikael ficará com o papel de meia-atacante. Terá que mostrar a mesma desenvoltura e velocidade da jovem revelação.

Como a Série C não permite vacilos aos mandantes, cabe ao Leão não brincar em serviço. Mesmo sem favoritismo, tem totais condições de se impor em casa, diante de seu torcedor.

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