Suspeita solta no ar 

Quando a CBF sai de seu mutismo habitual para revelar que árbitros estão sendo procurados com intenções comprometedoras por "células criminosas" é sinal de que o futebol brasileiro está sob a ameaça do esquema de manipulação de resultados, supostamente inativo desde o escândalo envolvendo o ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho e a nefasta Máfia do Apito, em 2005. 

A cabeça do monstro foi cortada naquela ocasião, mas o alerta oficial da CBF aos árbitros faz crer que o perigo é real e imediato. Aliás, é de estranhar que o corregedor de Arbitragem, Edson Rezende, ex-delegado da Polícia Federal, não tenha feito logo a denúncia aos órgãos competentes.   

Pelo teor da circular, a CBF parece estar se precavendo contra possíveis denúncias de aliciamento de juízes, que têm sido “procurados por terceiros, inclusive ex-árbitros”, com “possíveis intenções comprometedoras”.

Os contatos, segundo Rezende, são feitos por “pessoas que já foram objeto de investigações e até punições por parte de órgãos competentes e com estas atribuições”, tentando firmar amizades e relacionamentos que permitam o “manuseio de resultados”.

Ao se antecipar, jogando a suspeita no ar, a CBF deu um passo arriscado, pois alimenta um indesejável clima de desconfiança em torno da arbitragem. Por outro lado, ao esperar por um fato concreto para acionar a Polícia, acaba por alertar os criminosos. O mais aconselhável seria agir em silêncio e flagrar os atos ilícitos.

Nesse caso, o ofício endereçado aos árbitros pode contribuir para que os esquemas se sofistiquem, dificultando ainda mais a descoberta dos crimes. Obviamente, ninguém pode responsabilizar a CBF por eventuais arranjos de resultados, mas a entidade abre um flanco perigoso ao explicitar um aviso que devia ficar restrito ao próprio quadro de árbitros. 

Depois desse comunicado, as suspeitas – sempre presentes – sobre as arbitragens ganharão ainda mais força. Qualquer erro em marcação de pênaltis, impedimentos ou lances duvidosos passará a ser visto como peça de acusação aos árbitros.  

A pergunta que se impõe é: a quem interessa esse estado de desconfiança generalizada, sem que haja uma investigação séria a respeito? Dona CBF com a palavra.

Amistoso revela nível pouco confiável dos reservas da Seleção 

A derrota para a Argentina, ao contrário do que ocorreria em outros tempos, não provocou nenhum abalo sísmico na Seleção. Foi interpretada como devia ser: apenas um amistoso e o Brasil usou um time praticamente reserva. Além disso, a grande campanha nas Eliminatórias não dá margem a questionamentos ao trabalho de Tite. Apesar do clima de paz, é possível observar que alguns “jogadores de confiança” do técnico não têm envergadura para vestir a camisa canarinho.

Fagner é um lateral-esquerdo de terceiro nível, que não pode ser nem o segundo reserva de Marcelo. Gil, outro que traz carimbo corintiano, é um beque rebatedor. Antes dele existem muitos outros atuando no país e que foram ignorados na convocação.

Outra aposta inexplicável é Taison, jogador que estava esquecido no Shakhtar e que Tite redescobriu, virando figurinha obrigatória nas convocações. Quando surgiu, Taison era um ponteiro ciscador, espécie de sub-Denilson. Hoje nem cisca mais.

A lição é antiga, mas segue valendo: um bom time não se sustenta sem reservas que deem conta do recado. 

Bola na Torre 

Guerreiro comanda a atração, a partir de 21h na RBATV. Tomazão e este escriba baionense compõem a mesa. Esperamos vocês. 

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