Ao ser apresentada, no começo da semana, a nova equipe de assessoramento da presidência do Remo elencou 10 mandamentos de gestão a serem cumpridos a partir de agora. Desconfio dessas formulações, quase sempre mais comprometidas com o marketing do que com a funcionalidade.

De qualquer maneira, o tal receituário já ficaria de bom tamanho – e mais fácil de ser cumprido – se fosse sintetizado em dois pontos: pagamento em dia dos compromissos com atletas e funcionários e política regionalista na formação do elenco para 2018.

Pagar em dia é o chamado básico do básico e nem deveria ser incluído no campo das promessas. No Remo, porém, o simples se torna normalmente complicado, daí a justificativa de oficializar o compromisso.

Mais importante agora é a adoção de uma política austera de contratações. Nos últimos anos, o clube padeceu com seguidos equívocos na aquisição de jogadores. Foram quase 400 atletas trazidos para o Evandro Almeida nos últimos 10 anos.

Pouquíssimos ainda têm seus nomes lembrados pelo torcedor. A maioria não deixou saudades, nem feitos marcantes na história do Leão de Antônio Baena. Alguns só saem do ostracismo quando acionam o clube judicialmente.

Os desastrosos critérios de prospecção de atletas, quase sempre contratados a partir de informações errôneas e – não raro – mal intencionadas, contribuíram enormemente para o crescimento da dívida trabalhista do clube. Pode-se dizer, sem sombra de dúvida, que o Remo tem sido vítima de uma criminosa prática de transações, que dilapidou suas finanças e contribuiu para o lucro pessoal de muita gente.

Quando se diz que muitos se servem do Remo, ao invés de servi-lo, não há exagero na frase. É fato. Mais grave ainda é a impunidade dos que se locupletaram, contando com a crônica passividade das instâncias fiscalizadoras do clube.

Os erros do passado recente precisam ser extirpados. Práticas lesivas não podem conviver com a nova realidade. Para isso, é imperioso que os dirigentes tenham autonomia para executar o plano de trabalho, livres da centralização e dos métodos ultrapassados.

Lá no começo de sua atividade como dirigente, Manoel Ribeiro não agia sozinho. Tinha ao seu lado baluartes como Ronaldo Passarinho, Dagoberto Sinimbu e José Miranda. Foi Ronaldo, por exemplo, quem contratou Paulo Amaral, aconselhado por ninguém menos que Nilton Santos.

Paraenses constituíam a ampla maioria dos elencos formados no período – casos de Cuca, Elias, China, Aderson, Dico, Edson Cimento, Rosemiro, Marinho, Rui Azevedo, Marajó, Mesquita, Mego, Amaral e Leônidas.

Sob o peso das dívidas acumuladas, o novo Remo terá que seguir a mesma filosofia exitosa há mais de 50 anos, prestigiando os valores do próprio clube e jogadores de baixo custo garimpados no Estado.

De fora, a essa altura, só mesmo o goleiro Vinícius, solitário destaque na Série C. A base do novo time deve ter Gabriel Lima, Jayme, Tsunami, Jefferson, Lucas Vítor, Felipe, Sílvio e Edcléber, acompanhados dos nativos Flamel, Dudu e Martony. É o melhor começo possível.

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