Aos 73 anos e com mais de cinco décadas dedicadas à arte, Tony Ramos se orgulha de nunca ter pisado em um palanque político ou declarado publicamente seu voto. Mas isso não quer dizer que o ator não tenha suas preferências políticas, ele apenas quer ter a liberdade de criticar e não induzir o voto de ninguém.
Apesar disso, o ator defende o direito dos colegas artistas de manifestarem publicamente o voto em candidatos, mas como artista popular ele enfatiza que prefere não revelar seus favoritos. "Eu não aponto porque eu quero ter esse direito inalienável de criticar quando for [necessário], porque todo aquele que vota em alguém que não deu certo ou que cometeu uma imprudência também teria que fazer sua mea-culpa. Eu não vou fazer mea-culpa."
Ramos afirmou que a democracia move a sua vida e foi para defendê-la que ele subiu pela única vez na vida em um palanque: nas Diretas Já. O movimento popular pós-ditadura, que aconteceu entre 1983 e 1984, defendia a volta do voto direto para presidente da República. "Não era uma questão partidária, eu só fui me manifestar porque era multipartidário, era uma manifestação de cidadão pelas Diretas Já."
O artista criticou quem acha moderno dizer que uma pessoa está em cima do muro porque não revelou em quem vai votar. Ele classificou esse comportamento como velho e falou que a sua resposta a essas pessoas é que a democracia e o respeito ao próximo vêm antes de tudo. "O que me move na vida não passa nem perto da ditadura, da privação de liberdade, do ir e vir", enfatiza.
Ele revelou ser tão claro e contundente em não se posicionar politicamente que isso afasta qualquer pessoa ou partido de o procurar pedindo apoio a candidatos. "Eu apoio só o voto, eleições limpas, as urnas eletrônicas que vieram para facilitar as nossas vidas. Eu acredito na lei, quero eleições livres, sem ameaças."
A única preferência que Ramos declara espontaneamente é a torcida pelo time do São Paulo. Mesmo assim, ele não tem problemas em interpretar torcedores de outros times, como um palmeirense fanático no longa "45 do Segundo Tempo", de Luiz Villaça. "O ator não tem que ter bandeira na hora que ele interpreta, tem que entender e respeitar o universo daquele personagem."
Na comédia dramática, que estreia em 23 de junho nos cinemas, Ramos dá vida a Pedro Baresi, dono de uma cantina italiana que reencontra 40 anos depois os amigos do colégio Ivan (Cássio Gabus Mendes) e Mariano (Ary França) para recriar uma foto de 1974 da inauguração do Metrô em São Paulo. Juntos, eles revivem os melhores dias de suas vidas.
O ator revela que quando Villaça o convidou para fazer o filme mandou um roteiro com cem páginas, mas em dez ele já tinha se encantado pelo personagem e dizia para si mesmo que queria fazer o filme. "Me encantou mostrar esse homem, a sua luta para manter um negócio familiar, as dificuldades daquele comerciante e a reflexão dele sobre a vida."
Com contrato exclusivo com a Globo até 2025, Ramos conta que está gravando até começo de agosto a série "Encantados" e, em setembro, começam as gravações de uma nova novela -da qual ele não dá detalhes. Antes das estreias desses trabalhos, ele poderá ser visto ainda neste ano na série "Novelei", uma parceria da Globo com o YouTube, e em um episódio da quinta temporada da série "Sob Pressão".
Sobre atuar em plataformas de streaming no futuro, o ator falou que não acha elegante responder à pergunta por ainda ser funcionário da TV Globo, onde diz ser "muito feliz". "Enquanto a Globo me quiser, lá estarei honrando o meu contrato", afirma. "Se um dia isso não acontecer mais, o mercado saberá que não estarei mais lá e a vida é que irá responder."
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