Como é a vida numa unidade de conservação ambiental? Dividido em quatro episódios, o documentário “Eu Moro Aqui”, dirigido por Fernando Segtowick e contemplado pelo Edital Cultura de Audiovisual, mostra moradores de quatro unidades do Pará, sua relação com o lugar e com a natureza. O primeiro episódio, que vai ao ar hoje à noite, às 20h, na TV Cultura, retrata a Reserva Extrativista Tapajós, no oeste paraense, e como o turismo foi visto como uma saída sustentável por quem vive lá. 

“O que a gente procura entender é como é morar em um lugar destes? Qual era o compromisso deles com a floresta? E observamos que mesmo morando em lugares afastados, essas pessoas se organizam, se mobilizam e acreditam em diferentes maneiras de preservar espaços e sobreviver a partir dele”, destaca Segtowick.

A série realizada pela TV Norte Independente , também passa pela Reserva Extrativista Mãe Grande Curuçá, em Curuçá, destacando a importância da reserva marinha para a comunidade. A reserva acolhe 52 localidades em oito polos de conservação que agregam duas mil famílias e mais seis mil usuários. “Achamos muito importante essa iniciativa porque divulga e mostra o nosso trabalho. Temos orgulho do que fazemos aqui”, diz o presidente da associação de usuários da reserva, Alcinei Negrão Negrão Flexa. 

Já o terceiro episódio destaca as produtoras de açaí da Reserva Extrativista Terra Grande Pracuuba, em Curralinho, na ilha do Marajó. No último episódio, aborda a Comunidade Quilombola de Cachoeira Porteira, em Oriximiná, oeste paraense, que luta há anos pelo reconhecimento do seu território, e mostra como as 90 famílias da comunidade sobrevivem da pesca, extração de castanha do Pará e do turismo sustentável. “Ter a realidade da comunidade sendo tema de filme foi muito gratificante para todos nós, que lutamos há mais de 10 anos pelo reconhecimento da nossa terra. Ficamos muito felizes em mostrar uma comunidade quilombola para todos os paraenses”, diz Ivanildo Carmo, presidente da Comunidade Quilombola de Cachoeira Porteira, que mora há 44 anos no território. 

Entre as várias viagens para captação de imagens e finalização da produção, “Eu Moro Aqui” levou quase dois anos para ser finalizado, com um orçamento de R$ 500 mil. “O legal da série é levar, mesmo para quem é paraense, a realidade destes lugares que ficam a quilômetros de distância. Tecnicamente foi um desafio muito grande para equipe entrar nessas unidades e gravar com equipamentos grandes. É uma realidade que nós mesmos desconhecemos “, diz Segtowick.

(Diário do Pará)

MAIS ACESSADAS