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DE ARREPIAR!

Existe 'Cura'! Vídeo de artista paraense faz reflexão sobre racismo

Se você acha que comentários que diminuem alguém por sua cor são "piadas" e que a luta de um povo que foi arrancado a ferro e fogo da África, escravizado em todos os cantos do planeta e até hoje carrega estas chagas se reduz a "mimimi", este texto não é p

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Imagem ilustrativa da notícia Existe 'Cura'! Vídeo de artista paraense faz reflexão sobre racismo camera Mityzi Passos e Anastácia Marshelly em "Cura" | Reprodução

Se você acha que comentários que diminuem alguém por sua cor são "piadas" e que a luta de um povo que foi arrancado a ferro e fogo da África, escravizado em todos os cantos do planeta e até hoje carrega estas chagas se reduz a "mimimi", este texto não é pra você. Quer dizer, é sim. Ele pode ser uma forma de incomodá-lo (já chega de acomodação no mundo, não é mesmo?!), um ponto de partida, uma fagulha que ilumina e pode provocar uma tomada de consciência e de posicionamento (fundamental sempre!) sobre qualquer tema social.

Para isto, é triste e necessário reconhecer(mos) que foi preciso o assassinato covarde e chocante de George Floyd no dia 25 de maio, cometido por um grupo de policiais brancos de Minneapolis (EUA), para que grande parte dos estadunidenses e milhões de outras pessoas pelo mundo desatassem com força o nó em suas gargantas e passassem a bradar palavras de ordem e tomar outras atitudes contra as práticas de discriminação racial.

No Pará, que possui uma das maiores populações pretas do país, ainda não houve protestos contra o racismo. No entanto, alguns artistas já começaram a produzir e também reverberar outras obras que já haviam sido criadas sobre o tema.

Lil David em "Cura".
📷 Lil David em "Cura". |Reprodução

Um destes é Matheus Almeida, artista visual e publicitário de Belém. Na última quarta-feira (03) ele lançou o vídeo "Cura", que conta com a performance de Mityzi Passos, Anastácia Marshelly e Lil David. A trilha é "Illusion's Wanderer", de Orange Poem & Ildegardo Rosa & Mateus Aleluia.

Segundo Matheus, "este trabalho surgiu através de um incômodo e de uma provocação para me tirar da imobilidade em que estava. Sem dúvidas o atual momento do mundo e as manifestações contra o racismo influenciaram diretamente no discurso e conceito da obra. Ela traz uma mensagem de “cura” para vários traumas e olhar para dentro de nós mesmos e refletir sobre quem somos. Nesse momento é muito importante articular a arte como forma de resistência e respostas para injustiças. Todo mundo nasce artista, nosso gene é artista, a nossa pele tem um passado artístico. O que fazemos tem um eco artístico. Não importa o que digam a arte está em todos nós", enfatiza o artista.

O vídeo está disponível no Instagram:

E no Twitter:

Ainda de acordo com ele, o vídeo está longe de ser apenas uma obra audiovisual. Pelo contrário, vai além: talvez como um pêndulo, ora tocando o passado, ora apontando caminhos de agora e - por que não? - para o futuro.

"A importância desse vídeo no âmbito pessoal é repensar o passado e o presente. De modo que como éramos antes da colonização. Nós fomos sequestrados, o que fizeram com nosso povo foi cruel e covarde. tiraram a nossa terra, fomos feitos de escravos, fizeram de tudo para apagar a nossa cultura, línguas e crenças. Tomaram o nosso sol e inventaram todo um caminho para a gente buscar um lugar ao sol. O Brasil de 2020 é reprise de um passado que bate a porta. Nos mataram antes e nos matam hoje", alerta.

O artista visual Matheus Almeida (@saotheuzolhos)
📷 O artista visual Matheus Almeida (@saotheuzolhos) |Arquivo pessoal

A obra do paraense possui mais de 1500 visualizações em menos de 48 horas, além de justos comentários positivos. "Acho muito interessante quando um trabalho meu vai a público. De certo modo já não considero tão meu assim e isso é gratificante, porque de certa forma ele não muda, ele não vai sair de lá. Porém, quando as pessoas vão assistindo e se identificando de alguma maneira eu consigo tocar as lembranças do outro e que se quer conhecia e isso é algo visceral. O meu papel fica em contar bem uma história e ela faz o resto que é tocar no coração das pessoas", finaliza Matheus.

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