Qual o seu sonho? Quais suas metas? Estas perguntas talvez sejam algumas das principais que norteiam sua vida. Indo além, você já parou para pensar quanto pode custar um objetivo para você? Aí a questão talvez fique mais complexa e, em muitos casos, dispendiosa demais. Em outras, talvez encontre um valor financeiro que só pode ser alcançado de forma coletiva, com ajuda de outras pessoas.

Tais reflexões, que são, digamos, "mais filosóficas", se encontram na arte contemporânea no Pará, mais especificamente em uma ação promovida pelo artista visual Maurício Igor, 24 anos, de Belém. Desde o dia 04 de agosto, ele está promovendo uma rifa para poder comprar um computador, fundamental para suas produções.

"Eu trabalho com diversas linguagens visuais, como fotografia, vídeo e performance. Basicamente em todo meu processo, preciso utilizar do meio digital, seja para fazer o trabalho de pós produção em edição de fotografias e vídeos ou para trabalhar com o próprio vídeo como uma obra, como é o caso das videoartes e videoperformances", explica.

É ainda o jovem que afirma que "com a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, a maioria dos editais têm feito iniciativas para apoiar os artistas neste período, e geralmente é solicitado material em vídeo. Diante disso, me sinto quase com as mãos atadas sem poder concorrer neles, por exemplo, com o que de fato poderia entregar se tivesse um notebook. Tento fazer algumas edições com o celular, mas isto me limita muito", explica o jovem, evidenciando a importância da tecnologia na produção artística na Amazônia, que cada vez ganha mais destaque no Brasil.

Sobre isto, Maurício afirma que “a arte no Pará tem uma potência incrível! Há um teor muito forte de representatividade e de ver de maneira crítica as diferentes realidades que atravessam os corpos, materializadas nas mais diversas linguagens artísticas. Observo de forma muito entusiasmada e orgulhoso em fazer parte da cena artística contemporânea do Estado. As dificuldades são oriundas de se ter uma centralização de investimentos nas Artes voltados principalmente ao eixo sudeste do País, e por isso não temos tantos recursos", sintetiza.

O ARTISTA

Mauricio Igor está no final de sua formação em Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará, na qual foi contemplado em 2019 com bolsa do Programa Santander de Bolsas Ibero Americanas para estudos de um semestre na Faculdade de Belas Artes na Universidade do Porto, em Portugal.

Seu trabalho é focado em reflexões sobre o corpo não hegemônico, atravessando questões de identidades inseridas em temas como miscigenação e sexualidade. Tais processos se desdobram em fotografias, performances, vídeos, textos, intervenções e instalações. Por meio destes, participou de importantes exposições coletivas no Brasil e em Portugal.

Em julho deste ano, foi capa da revista luso-brasileira Performatus e já participou de várias exposições, como IX Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia (2018), com exposição no Museu Histórico do Estado do Pará e da Mostra de Fotografia e Artes Visuais BERRO!, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2019), entre outras. Com a série “Ô lugarzinho pra ter viado!” recebeu menção honrosa no FotoSururu - 1º Encontro de Fotografia Criativa, em Maceió-AL, e com a criação “Como descobrir o que não é desconhecido?” também recebeu menção honrosa na Open Call Intervenções Artísticas SUPERNOVA, na cidade do Porto, em Portugal.

COLABORE!

A rifa é composta por 100 números, ao preço de R$65,00 cada. O preço leva em conta também “o valor de envio por correios para qualquer Região do Brasil e o custo de confecção da obra que é sorteada”, esclarece o artista.

O prêmio do grande “sortudo” será a obra “Vir a ser”, capa da 21ª edição da revista luso-brasileira "Performatus" e que fará parte da Exposição “Poético ou Político?”, com curadoria de Tales Frey, a ser realizada em novembro deste ano na cidade do Porto-Portugal. A obra também será exposta na 10ª edição do Festival de Fotografia de Tiradentes – Foto em Pauta.

Segundo Maurício, "'Vir a ser' é um trabalho que levanta a questão da miscigenação brasileira, refletindo desde o início deste processo com a chegada dos portugueses a este solo e o consequente sofrimento instaurado nos corpos de nossos antepassados, corpos negros e indígenas. Desse modo, a obra apresenta recortes da formação social brasileira no que envolve miscigenação, identidades e fragmentação. Utilizo como suporte o papel kraft, também chamado de papel pardo, para suscitar as problemáticas envoltas do termo ‘pardo’, bem como o uso do autorretrato por me ver desde sempre nesses conflitos identitários. A série é composta por 6 imagens em tamanho A4 (21x 29,7 cm), cada uma em moldura separada", detalha o artista.

Para garantir seu número, basta entrar em contato com Maurício através das redes sociais, em especial Instagram (@mauricioigor) e Facebook, enviando mensagem ou comentando em uma das postagens de divulgação. O pagamento pode ser feito através de transferência bancária ou via boleto, após contato com o artista. O sorteio será feito ao vivo no perfil do Instagram de Maurício no dia 05 de setembro.

Caso alguém queira contribuir, mas não possa comprar um número, há também a possibilidade de uma Vaquinha online, na qual pode ser depositado qualquer valor. 

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