A quinta edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” indicou que a quantidade de leitores no país caiu de 56% em 2015 para 52% em 2019, ou seja, estamos perdendo leitores. Dedicado a avaliar o comportamento do leitor brasileiro, o estudo é feito pelo Instituto Pró-Livro (IPL) a cada quatro anos, desde 2007, e busca contribuir para o estabelecimento de políticas públicas que estimulem o hábito da leitura. Mas como incentivar esse brasileiro a ler mais ou criar esse hábito? Cada um pode dar sua parcela de contribuição, e o perfil Café na Biblioteca, no Instagram, que tem à frente a advogada e doutoranda em Direito do Trabalho pela USP, a paraense Priscila Kuhl Zoghbi, surge exatamente com esse propósito: incentivar o hábito da leitura e trocar experiências.

“Eu sempre gostei muito de ler e sempre fui a pessoa que gosta de sugerir livros. Então, resolvi fazer um perfil no Instagram para incentivar o hábito e indicar livros, esse é meu objetivo. Como as livrarias físicas estão cada vez mais escassas, sentimos falta da figura do livreiro, que é quem te ajuda em uma livraria”, diz Priscila, que tenta postar pelo menos duas resenhas por semana, além de fazer relação entre os livros, indicando a vantagem de cada edição.

“Além disso, eu criei um grupo de leitura chamado ‘Lemos Mulheres’, no qual só escolhemos estudar apenas livros escritos por mulheres. Nós reunimos virtualmente para discutir e eventualmente consigo que a autora também faça parte. Por exemplo, dia 20 o livro escolhido será o ‘Peso do Pássaro Morto’ e a autora Aline Bei estará presente. Em julho, teremos outra autora confirmada, Natália Timerman, que escreveu ‘Copo Vazio’, e em agosto outra, vencedora do Jabuti, Natália Polesso”, adianta Priscila.

No grupo participam homens e mulheres, mas a prioridade é para a participação feminina e Priscila logo adianta que o projeto não é só seu, e sim de todas que participam e buscam fomentar a troca de experiências. “É muito gostoso! Por ser dialético, tanto o grupo quanto o Instagram ajudam na minha própria formação como leitora. A troca é o mais importante”, diz Priscila sobre o retorno das pessoas sobre o projeto.

Este era um desejo antigo da advogada, mas que ganhou força nesse momento de pandemia. E como ela descreve sua relação com a leitura como uma dependência e que faz parte da sua formação, que é continua, era inevitável colocar em prática esse desejo de incentivar a leitura.

“Então, eu gosto de indicações. Por isso a troca é fundamental. Busco também os livros que marcaram a vida de cada autor, não apenas no sentido da obra mais conhecida dele, mas também na obra de outro autor que o marcou”, confessa ela, que considera o ato de ler como uma escolha.

“Tem que analisar com cuidado a obra que você vai escolher. Sempre pergunto ‘quando foi a última vez que você leu um livro escrito por uma mulher?’ Claro que ler não tem que ser uma obrigação. É fundamental que seja prazeroso. Mas assim como qualquer conteúdo, devemos ter atenção no que estamos ‘consumindo’”, pontua ela.

Clássicos como “Dom Casmurro” e contemporâneos como “A Imensidão Íntima dos Carneiros”, ganhador do prêmio Jabuti, já estão no perfil para o deleite dos leitores vorazes de plantão. “No Dia da Mulher, por exemplo, eu não fiz resenha, mas citei cinco autoras contemporâneas muito talentosas”, finaliza Priscila.

Foto: Reprodução/Instagram

MAIS ACESSADAS