“Mano, mamãe me acordou aqui, bicho! Falou que tava chovendo granola... mas alguém sabe me informar se esse gelo que tá caindo é em escama ou é em cubo? Porque vou comprar umas ‘Draft’ e tô querendo economizar...”. A fala cheia de sarcasmo e ironia é trecho de um dos vídeos virais do comediante João The Rocha, que tem feito sucesso nas redes sociais com um humor carregado de sotaque paraense e que ganhou mais destaque a partir da chegada da pandemia, quando passou a retratar acontecimentos do cotidiano de Belém de forma divertida.
A “granola”, na verdade, é o granizo que caiu sobre a capital paraense recentemente e, claro, não passou batido por The Rocha, que na verdade se chama João Pedro Paiva Costa, 26 anos, acadêmico de publicidade, morador do bairro do Tenoné, e que tem na comédia o dom para arrancar risos de todos, seja no Instagram, com o perfil @joaotherocha, onde posta os vídeos; seja no show de humor stand up Showpitel, que apresenta junto com os comediantes Natto Almeida e Epaminondas, ou com o podcast Pod Dalhe Cast, que vai ao ar no Youtube, além do canal The Rocha, na mesma plataforma.
No bate-papo a seguir, João The Rocha conta um pouco da sua trajetória, explica que o gosto pelo humor vem de infância e como surgem as ideias para montar os esquetes que são a cara do Pará. Confira!
Como nasceu o comediante João The Rocha?
Basicamente é a única coisa que eu sei fazer na vida. Desde criança eu fazia imitações na escola e tudo mais. Comecei a fazer trabalhos escolares com vídeos humorísticos e comecei a levar para a internet, no YouTube, com o canal The Rocha, que tem mais de 94 mil inscritos. No Instagram são 136 mil seguidores. Aí comecei a fazer as paródias. Nisso já fazia stand up e comecei a fazer vídeos curtos para o Instagram que viralizaram na pandemia. Comecei a produzir porque estava em casa, fazia uma paródia por dia sobre quarentena, vacina e viralizou. Comecei falando sobre a pandemia e hoje em dia falo sobre tudo. Paralelo a isso, eu fiz também o Pod Dalhe. Com o sucesso dos áudios, tive a ideia de fazer o podcast há quatro meses e ganhou um público muito bacana. A gente leva os melhores nomes do Estado e de fora para trocar ideias. É minha maior fonte de renda, o stand up com mais dois comediantes e o Pod Dalhe.
As ideias para os memes surgem de que forma?
Basicamente são assuntos do cotidiano, de tudo que as pessoas estão falando sobre o que acontece aqui e lá fora. Muita gente me pediu para comentar sobre o tsunami, a chuva de gelo, o vulcão. Na pandemia sempre teve algum acontecimento - os caras que estavam na rua e a polícia prendeu, o episódio do Zé Pelintra (homem vestido como a entidade da umbanda que também acabou preso). Sempre tem em Belém um acontecimento e tudo o pessoal comenta. Agora estão me pedindo para comentar do cara que roubou o carro na concessionária. São mais coisas leves para dar uma sacada bacana.
Dá para perceber que os vídeos seguem um padrão...
Esse formato eu adaptei, era um áudio aleatório, montagem com skates, paisagens. Só que fui padronizando, botando sempre um skate, uma paisagem, uma música de fundo bacana e falando as besteiras. Às vezes peço ajuda para alguns amigos meus comediantes, para ficar uma coisa engraçada, mas basicamente sou eu mesmo que faço e boto o vídeo com a legenda, as musiquinhas e prende a atenção da galera.
Abrir o vídeo com o “mamãe me acordou aqui, bicho” já virou um bordão, não é?
Isso é algo totalmente aleatório nos vídeos, falar que ela tinha me acordado. Minha mãe sempre me acordava com notícia ruim, isso é coisa de mãe e virou um padrão, sempre ela me acordando, mas na verdade ela não me acorda, é mais o personagem mesmo.
Então o João The Rocha é um personagem?
Eu criei um personagem mesmo, é um cara bem caricato, até a forma de falar diferente, minha voz fica mais de ‘malaco’. O pessoal pensa que eu sou moto táxi, mas são só os meus amigos que são e eles gostam dessa representatividade. Já trabalhei de pedreiro, serviços gerais, capinava lote.
As gírias e o jeito de falar bem paraense também chamam a atenção do público. Como você capta isso?
É basicamente do meu convívio. A gente conversa com os amigos assim, até os palavrões que o paraense fala mesmo. É só uma forma de falar, é uma gíria mesmo. Faz parte do cotidiano, não é uma coisa forçada, a gente fala mesmo desse jeito, é o tal do ‘rock doido’, chamar as meninas de ‘periquita’.
O governador Helder Barbalho é outro personagem bastante citado em seus vídeos...
Eu creio que falei muito dele pelo fato das notícias girarem muito em torno das decisões dele, sobre o lockdown, o bandeiramento. As notícias sempre giravam em torno dele e eu brincava com isso. Quando caiu o meteoro eu disse que aqui não ia cair porque ele não ia deixar. Foi mais por causa disso. A galera acabou gostando. Não sei se ele já viu, mas fica o convite para ele participar do podcast.
Com todo esse sucesso pessoas de fora já prestaram atenção no teu trabalho?
Conheço mais a própria galera daqui, Murilo Couto, Ricardo Chahini que é campeão mundial de Freestyle. Já participei do programa do Danilo Gentili, o The Noite (SBT), no quadro de piadas; no Multishow, no Legendários (Record). Minha trajetória na internet já tem seis anos. Alguns influencers de fora, do Rio de Janeiro, comentam, mas eu quase não vejo, porque a gente produz bastante. A galera de fora curte bastante, da Bahia, nordeste, sul. É gente de todo o Brasil que acha nosso jeito muito engraçado, as coisas que acontecem aqui. Alguns amigos de São Paulo tentam imitar as gírias daqui. Meu projeto não vem de hoje, não comecei agora.
Quais teus planos futuros?
Atualmente com o podcast alcançando um bom público, é crescer com ele, com o stand up, tem o Showpitel com mais dois comediantes, semanalmente. Basicamente, meu plano é só continuar e alcançar mais gente. A gente divulga e chama a galera pro show. O plano é Brasil, levar para fora do Estado e fechar show para o eixo sul e todo o país, ganhar público pelo Brasil afora. Levar nossa cultura.
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