Símbolo da diversidade, em Belém, a tradicional Festa da Chiquita, que ocorre sempre na véspera do Círio de Nazaré, está confirmada no próximo dia 9 de outubro. Mas terá um formato bem diferente: com hora para começar e acabar, das 15h às 21h, em novo espaço, no Memorial dos Povos, e com lotação máxima de 200 pessoas. Além de outras medidas para atender aos critérios sanitários em função da covid-19, como uso obrigatório de máscaras e de álcool em gel, e necessidade de comprovar a vacinação contra covid-19 para acessar o espaço.
É o que afirma a Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), que liberou a realização da festa, com restrições. “Acabamos de acertar que a histórica e patrimônio imaterial da cultura de Belém, do Pará e do Brasil, a Festa da Chiquita, será realizada dia 9 de outubro. O ingresso é gratuito, mas temos uma lotação de apenas 200 pessoas, então, chegue cedo para aproveitar toda essa programação maravilhosa”, anunciou o titular da Fumbel, Michel Pinho, em vídeo em seu Instagram.
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Encolhida por conta das recomendações sanitárias, a festa vai ganhar amplitude nas redes, para dar acesso a mais pessoas, e terá este ano um formato híbrido, antecipa o cantor e performer Eloi Iglesias, organizador da Festa da Chiquita há pelo menos 30 anos. “[No Memorial dos Povos] Tem que ter uma quantidade limitada de pessoas, por conta da aglomeração, precisa ser de 50% da capacidade do local. [Quem vai] São convidados, pessoas do povo, artistas, pessoas que vão fazer o apoio, enfim. Então, faremos uma transmissão ao vivo para dar a oportunidade de acesso a outras pessoas que não poderão vir. A gente vai misturar, fazer um pouco on-line e outra parte presencial. Outra parte a gente grava para disponibilizar no YouTube”, diz. Com a pandemia, no ano passado o evento já teve de ser adaptado para o formato on-line, tendo sido transmitido em live direto de estúdio, mas sem plateia, pelo Youtube.
IDENTIDADE
A mudança de local, da Praça da República, no entorno do Bar do Parque, para o Memorial dos Povos, não afeta a identidade da festa, diz Eloi. “Neste ano, será a ‘Chiquita de todos os povos’. A gente está fazendo o evento porque são 43 anos de Chiquita e a gente não pode deixar de marcar território. É um evento que se constrói espontaneamente, que já se tornou social e político. Está na memória afetiva dos paraenses. Vamos resistir. E faremos isso neste ano, com o apoio tanto da Prefeitura de Belém quanto do Governo do Estado. Terá os tradicionais concursos”, afirma.
Idealizada e criada pelo sociólogo carioca, Luís Bandeira, na década de 1970, inicialmente como Filhas da Chiquita ou Festa da Maria Chiquita - uma referência à Chiquita Bacana das marchinhas carnavalescas, que “só faz o faz o que manda o coração” -, o evento sempre foi voltado a um público alternativo e pautado pela irreverência e liberdade. Acabou se tornando um dos maiores eventos LGBTQA+ do Brasil. Tombada como patrimônio cultural imaterial pelo Iphan-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e pela Unesco-Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, também ganhou registro como patrimônio cultural do Pará, com a lei estadual N° 9.025, de 17 de março de 2020.
Eloi diz que sempre é uma conquista. “Não podemos perder a nossa alegria. A ideia da Chiquita é se reinventar a cada minuto para chegar às pessoas. É um espaço que a gente não pode perder por conta de crise humanitária. Não devemos perder o nosso certificado de garantia de existência, enquanto grupo, cultura, segmento e até mesmo de revolucionários, eu diria”, diz Eloi.
Híbrida
Festa da Chiquita 2021
Quando: 09/10, de 15h às 21h.
Onde: Memorial Dos Povos - Av. Gov. José Malcher, 257, com transmissão ao vivo pelo YouTube .
Quanto: Gratuito
* Lotação de até 200 pessoas
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