Um grande peixe no meio da rua. Um artista queer sobre uma faixa de uma igreja neopentescostal. Duas mãos azuis que retratam a religiosidade múltipla e contemporânea de terra que mescla, urbanidade, florestas e a águas. Esses são algumas das imagens que transitam entre o instante decisivo e performance meticulosamente criada sob direção do experiente Fagner Damasceno.
Na exposição intitulada “Daqui” o artista faz emergir uma Amazônia que existe há muito, mas que insiste em não ser visibilizada por alguns. Segundo ele, “arrigementar os artistas daqui mais que uma escolha estética ou conveniente foi um ato político que denota a nossa capacidade de criação e retrato da nossa história, cotidiano e realidade”. Realizada com recursos de maneira independente, o trabalho relembra, em tempos de véspera de uma conferência internacional da Amazônia, faz-se necessário que os seus sujeitos sejam protagonistas de suas narrativas e foi justamente isso que o trabalho propôs ao convidar artistas como os cantores Layse e Aqno para serem protagonistas dessa história.
A curadora Isabela Canto reflete sobre essa oportunidade ao ofertar o seu espaço e também sua curadoria em uma dos lugares mais icônicos da capital paraense: o edifício Manoel Pinto da Silva. Segundo ela, “Nem sempre é fácil explicar o que é ser daqui. A Amazônia é território denso. Quem chega por aqui muitas vezes tem seus sentidos rapidamente preenchidos com a intensidade que as coisas aqui acontecem. Nossos mercados são cheios de cores e cheiros. Nossa cultura é viva e cheia de nuances. Nossos contrastes convivem em simbiose. A floresta e a cidade. O sagrado e o profano. Tudo tem seu lugar”, diz ela.
Veja o texto expositivo:
DAQUI – uma exposição fotográfica de Fagner Damasceno.
Nem sempre é fácil explicar o que é ser daqui.
A Amazônia é território denso. Quem chega por aqui muitas vezes tem seus sentidos rapidamente preenchidos com a intensidade que as coisas aqui acontecem. Nossos mercados são cheios de cores e cheiros. Nossa cultura é viva e cheia de nuances. Nossos contrastes convivem em simbiose. A floresta e a cidade. O sagrado e o profano. Tudo tem seu lugar.
Tem algo místico aqui. Talvez seja por causa do véu do desconhecido que muitas vezes encobre coisas que são grandes demais. Estamos sempre diante de uma extensão e intensidade que corriqueiramente fogem da nossa compreensão humana. Talvez seja a densidade que a diversidade aflora no nosso território. Diversidade que não se resume a biologia, mas na pluralidade de vivências que existem aqui.
Aqui, as pessoas são diferentes. Talvez esteja no clima quente da cidade, que afeta em muito o temperamento dos que aqui vivem. Ocupar esse território nos exige resiliência – muitas vezes estamos abrindo caminhos e clareiras para que nossos conterrâneos contemporâneos também possam prosseguir.
DAQUI é um convite a um mergulho profundo no cotidiano Amazônico, atravessando rios e floresta mas também grandes centros urbanos.
Em DAQUI, uma série contínua baseada na necessidade de um resgate de essência, Fagner Damasceno retrata fragmentos da própria identidade na nossa terra – trazendo um pouco de sua experiência com o mundo editorial da moda e as vivências como Amazônia queer - e nos leva numa viagem que só um olhar cotidianamente atento consegue capturar.
Isabela Canto – 2023
Serviço
Exposição DAQUI!
Local: Canto - 1 andar do edifício Manoel Pinto da Silva
Período: até 05/12/2023
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