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EXPOENTE DA CULTURA AMAZÔNICA

De Salvaterra para Sapucaí: conheça a vida de Mestre Damasceno

Descubra a vida e a arte de Mestre Damasceno, um ícone da cultura amazônica, suas conquistas e desafios enfrentados ao longo de sua trajetória. O artista morreu nesta terça-feira (26), em Belém.

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Imagem ilustrativa da notícia De Salvaterra para Sapucaí: conheça a vida de Mestre Damasceno camera Mestre Damasceno morreu nesta terça-feira (26), em Belém. | Foto: Guto Nunes

Cantor, compositor, pescador, diretor de autos juninos e criador do Búfalo-Bumbá, Mestre Damasceno foi um dos maiores expoentes da cultura amazônica e, nos últimos anos, viu seu reconhecimento ultrapassar as margens dos rios e ganhar projeção nacional, com destaque no Carnaval do Rio de Janeiro e a mais alta condecoração cultural do país.

Natural da Comunidade Quilombola do Salvá, em Salvaterra, Mestre Damasceno nasceu em 1954 e dedicou mais de 50 anos à promoção e preservação das expressões culturais tradicionais do arquipélago do Marajó, no Pará.

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Aos 19 anos, perdeu a visão em um acidente de trabalho, mas encontrou na arte um novo caminho para reconstruir sua trajetória de vida. Reconhecido como um ícone do carimbó, das toadas, da poesia oral e idealizador do Búfalo-Bumbá de Salvaterra — manifestação junina que une teatro popular, heranças quilombolas e referências à natureza amazônica —, Damasceno se tornou uma figura essencial da cultura nortista.

Com um repertório de mais de 400 músicas autorais e seis discos lançados, é lembrado como um verdadeiro símbolo de resistência e da potência cultural do Norte do Brasil.

Sua contribuição se destaca por ações que ajudaram a manter vivas e a atualizar as tradições populares da região marajoara.

Em 2013, criou o Conjunto de Carimbó Nativos Marajoara, que lançou quatro álbuns trazendo a essência do carimbó pau e corda — estilo característico do Marajó e marca registrada de sua obra.

DO MARAJÓ PARA A SAPUCAÍ

Em 2023, Damasceno cruzou a passarela do samba e emocionou o público ao representar a força da cultura marajoara. O samba-enredo da Tuiuti, intitulado “O Mogangueiro da Cara Preta”, contou a lenda da chegada dos búfalos ao Marajó — animais que se tornaram símbolo da ilha e inspiração para a criação do Búfalo-Bumbá.

O reconhecimento no Carnaval não parou em 2023. Em 2025, Damasceno desfilou com a Grande Rio, que homenageou o Pará com o enredo “Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”, sobre o tambor de mina na região. Mais do que homenageado, ele foi um dos autores do samba-enredo, ao lado de Ailson Picanço, Davison Jaime, Tay Coelho e Marcelo Moraes.

RECONHECIMENTO NACIONAL

Como reconhecimento por sua trajetória dedicada à música e à valorização das tradições populares, o mestre da cultura marajoara, Mestre Damasceno, foi homenageado no dia 20 de maio deste ano, com a Ordem do Mérito Cultural (OMC) — a mais alta condecoração pública concedida pelo Ministério da Cultura. A honraria, instituída pela Lei nº 8.313, de 1991, reconhece personalidades e instituições que contribuem de forma significativa para a cultura brasileira.

A cerimônia oficial ocorreu no Rio de Janeiro, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Cultura, Margareth Menezes.

O Mestre também recebeu o Prêmio Mestre da Cultura Popular do Estado do Pará - SEIVA, por meio da Fundação Cultura do Pará – Tancredo Neves (2015), e foi reconhecido como mestre de carimbó pelo Instituto do Patrimônio, Histórico e Artístico Nacional (IPHAN, 2017).

LUTA CONTRA O CÂNCER

Em junho deste ano, Mestre Damasceno recebeu o diagnóstico de um câncer em estágio de metástase, com comprometimento no pulmão, fígado e rins.

Desde o dia 22 de junho, o mestre marajoara estava hospitalizado em Belém. Inicialmente, foi levado ao Hospital Jean Bittar e, posteriormente, transferido para o Hospital Ophir Loyola.

Na unidade de terapia intensiva do Ophir Loyola, Mestre Damasceno enfrentava um quadro de pneumonia e falência renal, sob cuidados intensivos.

HOMENAGEM EM VIDA

Mestre Damasceno havia sido um dos artistas escolhidos para receber homenagem na 28ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, ao lado da escritora Wanda Monteiro. O evento, realizado entre os dias 16 e 22 de agosto, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, reuniu um grande público ao longo da programação.

Durante a feira, uma das publicações lançadas foi “Mestre Damasceno e as Cantorias do Marajó”, escrita por Antonio Carlos Pimentel Jr. A obra, voltada ao público infantojuvenil, traz relatos e memórias do artista, apresentando sua trajetória e legado cultural às novas gerações.

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