O ator Reynaldo Gianecchini define como um bolsominion gay seu personagem na peça "A Herança", que estreia nesta quinta-feira em São Paulo. Diz que o papel o ajudou a entender melhor a luta dos homossexuais e até a ter apreço por baladas gays.
"Essa peça mexeu muito comigo, porque o personagem toca na minha questão e tinha receio de entrar nesse mundo. Agora entendi por que os gays precisam se agrupar para lutar pela existência", diz o ator.
"Não me interessava por bar e night gay, com aqueles caras sem camisa, não me sentia à vontade de estar ali. Agora, essa peça me deu muito amor por todas essas pessoas. Só não frequento os lugares porque não tenho tempo, né, amor? Ensaio que nem um maluco", acrescenta.
Na peça, Gianecchini dá vida a Henry, um eleitor do Partido Republicano que atrapalha a luta coletiva por igualdade. Seu par romântico é Eric, papel de Bruno Fagundes, filho de Antônio Fagundes, que na trama busca a todo custo a ascensão social em seus relacionamentos. São dois homens gays com visões de mundo conflitantes.
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Em 2019, Gianecchini declarou à imprensa ter tido romances com homens e mulheres, refutando qualquer tipo de classificação. Ele conta não saber o que ocasionou a decisão de expor a sua vida privada. Pensa ter tido, enfim, a maturidade necessária para falar sobre o tema. Durante boa parte da vida, diz não ter olhado com generosidade para os próprios desejos. Agora, indica uma sexualidade fluida e livre de amarras.
"A fluidez incomoda as pessoas, porque vivemos num país de pessoas muito reprimidas e, quando se é reprimido, a sexualidade alheia causa frisson. A liberdade do outro mexe com você", afirma. Não foi sem angústia, porém, que o ator encontrou a resolução de seu desejo.
"A Herança" tem causado frisson na cidade desde que foi anunciada. Exigindo fôlego do público, o texto do americano Matthew López é dividido em duas partes de duas horas e meia, cada uma subdividida em atos, delimitados por intervalos. Já são mais de 3.000 ingressos vendidos, o equivalente a dez apresentações lotadas.
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