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TRÁFICO DE DROGAS

Esquema de Cariani falsificou até e-mail da AstraZeneca

O influenciador fitness e um amigo teriam supostamente criado um endereço de e-mail em nome de um homem nascido em 1929, já falecido, para driblar as investigações.

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Imagem ilustrativa da notícia Esquema de Cariani falsificou até e-mail da AstraZeneca camera O influenciador fitness Renato Cariani é alvo da Operação Hinsberg da Polícia Federal. | Divulgação

A Polícia Federal levanta suspeitas de que o influenciador fitness Renato Cariani teria participado da falsificação de uma troca de e-mails com um suposto representante da AstraZeneca, com o objetivo de driblar as investigações. A intenção seria criar uma narrativa de que ele realmente vendeu substâncias químicas ao laboratório britânico.

Cariani é alvo da Operação Hinsberg, que foi iniciada na terça-feira (12) e investiga o desvio de substâncias químicas utilizadas no tráfico de drogas para a produção de crack. Segundo as autoridades, o esquema movimentou cerca de R$ 6 milhões ao longo de seis anos.

As investigações começaram em 2019, quando a Receita Federal identificou depósitos em dinheiro vivo no valor de R$ 212 mil em nome da AstraZeneca nas contas da empresa de Cariani, a Anidrol. O laboratório negou o reconhecimento dessas transações.

Cariani, por sua vez, apresentou à Receita Federal uma troca de e-mails com um indivíduo chamado "Augusto Guerra", que se apresentava como representante da Astrazeneca, com negociações de venda de produtos químicos.

Com autorização judicial, a Polícia Federal teve acesso à quebra de sigilo telemático dos investigados, revelando que Augusto Guerra era um homem nascido em 1929 e já falecido. Provas mostraram que Fabio Spinola, amigo de Cariani, registrou o e-mail em nome do falecido, usando o domínio “[email protected]”.

Spinola foi preso este ano na operação Down Fall da Polícia Federal, que desarticulou um esquema de tráfico de drogas no Porto de Paranaguá, apreendendo mais de R$ 2,1 milhões e cumprindo 30 mandados de prisão. Ele foi preso novamente na terça-feira (12).

As trocas de mensagens datam de 2017, onde o falso representante da AstraZeneca questiona Cariani sobre orçamentos para grandes volumes de substâncias, incluindo cloridrato de fenacetina, acetato de etila e lidocaína, em quantidades que chegam a 500 quilos.

Em um dos e-mails, é mencionado cloridrato de lidocaína "puríssima". “Após verificação junto ao nosso departamento, de custos, conseguimos manter os valores ofertados no último fornecimento”, disse.

Em março de 2018, Cariani expressa preocupação a "Augusto" sobre uma notificação da Receita Federal relacionada à sua conexão com a AstraZeneca.

Ele afirma que em “documento em anexo enviado pela Receita Federal, o órgão fiscalizador entrou em contato com sua empresa (AstraZeneca), onde esta nos informou que desconhece da pessoa de Felipe Augusto”.

“Você, em contatos anteriores, sempre nos explicou que responde por toda estrutura de compra da empresa e que não possui um local fixo dentro da organização da AstraZeneca, portanto nossa comunicação sempre foi através de e-mail e um celular que nos disponibilizou, mas realmente gostaria que nos fornecesse um contato do seu Departamento Fiscal e o responsável da área, para que possamos esclarecer a questão aqui levantada e suportar o órgão fiscalizador dos documentos solicitados”, afirma Cariani no e-mail.

O influenciador pede, então, para que “Augusto” retorne com “urgência”, e que encaminhe a notificação da Receita para seu “departamento fiscal e financeiro”. Em resposta, “Augusto” diz: “Quanto à Receita Federal, fique tranquilo! Como havia falado anteriormente, nosso departamento interno já está cuidando para resolver este assunto”.

Esquema de Cariani falsificou até e-mail da AstraZeneca
📷 |Reprodução
Esquema de Cariani falsificou até e-mail da AstraZeneca
📷 |Reprodução
Esquema de Cariani falsificou até e-mail da AstraZeneca
📷 |Reprodução

Os investigadores afirmam que esses diálogos foram uma tentativa de criar uma narrativa falsa, visando provar que o influenciador realmente tinha contato com o laboratório. Foi constatado que a empresa de Cariani emitiu 60 notas fiscais para a AstraZeneca, sendo 10 delas emitidas após o início das investigações e após ele ter sido ouvido pela Receita Federal.

A Polícia Federal solicitou a prisão preventiva de Cariani e mais três pessoas na Operação Hinsberg, mas o pedido foi negado pela Justiça. No total, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em endereços localizados em São Paulo, Paraná e Minas Gerais, incluindo a mansão do influenciador.

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