“Ubuntu vem da filosofia africana, que diz que devemos desejar a felicidade para nós e para o outro, e que eu não posso ser feliz se o outro também não for". Quem explica o termo é a rapper Ruth Clark, que foi se inspirar nele para um trabalho que vem sendo maturado há dois anos.

`Porém mais do que apenas uma inspiração, "Ubuntu” é o nome do álbum que Ruth Clark lança nesta terça, 20, em seu canal do YouTube. Com 13 faixas, a artista diz que o trabalho contempla alguns temas importantes, como o empoderamento feminino negro dentro do cenário do rap.

"No álbum, eu busco traduzir essa concepção sob o olhar da periferia. Observando aquele ambiente, a gente percebe que o preconceito está presente ali, e as as pessoas estão morrendo por causa disso”, conta Ruth Clark, atuante na cena rapper desde 2016.

O disco combina trap, rap, funk e samplers brasileiros, e é fruto de um processo de maturação que durou dois anos, desde que a rapper lançou em se canal do YouTube um videoclipe homônimo ao álbum. “O álbum vem falando sobre esse tema que é tão caro para nós, mulheres, que é adentrar em um ambiente que ainda é tomado basicamente por homens. Ele enaltece a nós mesmas, dizendo que podemos conquistar as coisas, usar roupas caras, e ter tudo o que queremos”, afirma Ruth Clark. “‘Ubuntu’ me torna única, tem a ver com a minha identidade negra, me possibilitou um autorreconhecimento. Dentro do rap, me descobri como negra, ativista e feminista, destaca”.

Compostas e produzidas ao longo do período de pandemia do novo coronavírus, Ruth conta que as canções foram feitas por ela e receberam colaborações. O disco também conta com as participações das rappers Seita XXI, Agatha Sou, Samanta e Nega Ysa, além de Geléia MC, Xico Doido e Arllan Trindade. “Todas as faixas foram ideias minhas. Fui mandando o nome da música para que eles sentissem a ‘vibe’ delas e a referência musical”, descreve.

Em uma dessas composições, “Amor Preto”, a rapper trabalhou junto com o companheiro, o beatmaker Arllanzin. Ruth Clark conta que todas as músicas trazem o discurso periférico, mas nessa em específico há uma atmosfera romântica. “Ela fala sobre o homem e a mulher negra, mostrada numa nova visão social, diferente de antigamente, em que mulheres e homens negros eram criados apenas para servirem. Na música, a gente fala que somos muito maiores que isso, que podemos ser o casal que desejamos, contrapondo todo preconceito de raça e de cor”, explica.

Ruth Clark diz que álbum traz temas importantes, como o empoderamento feminino negro dentro do cenário do rap Foto: Camila Loie/ divulgação

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