Quem não gostaria de assistir a Paul McCartney, Bruno Mars, John Mayer, Coldplay, U2 ou outro artista internacional preferido em apresentações aqui em Belém? Mas embora o Brasil há tempos tenha entrado na rota de grandes turnês – como a despedida de Roger Waters dos palcos, com seis shows recém-anunciados entre outubro e novembro no país -, esses eventos têm desviado do Pará. O custo de trazer uma megaprodução para o estado amazônico, com tudo que isso implica em dificuldades de transporte, é o grande porém, segundo produtores culturais.
Há mais de 30 anos atuando na produção de grandes shows e hoje à frente de uma das maiores empresas locais do setor, a Link Produtora, Rosalina Melom diz que a questão não é exatamente o tamanho das equipes internacionais, já que produções nacionais estão chegando a nível tão elevado que já se pode compará-las. “Por exemplo, os Titãs vieram com mais de 50 pessoas recentemente a Belém”, conta. “Mas não podemos deixar de levar em conta as passagens internacionais. Porém, o custo em geral é rateado entre as cidades brasileiras por onde passa a turnê. As exigências de cenários e equipamentos são um empecilho. Por isso hoje em dia os shows internacionais [no Brasil] se concentram em São Paulo e no Rio de Janeiro”, conta Rosalina.
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Ela destaca ainda que para os artistas é mais vantajoso montar uma estrutura numa única cidade e fazer várias apresentações, como foi o caso do Coldplay, que recentemente se apresentou por uma semana inteira em São Paulo, e o RBD, que fará três shows em novembro por lá. “Quando a turnê internacional abrange mais cidades, geralmente faz-se adaptações ou se cria uma estrutura que possa viajar com mais facilidade pelo país”, acrescenta.
As produtoras que trazem turnês internacionais para o Brasil também entenderam essa concentração como uma vantagem. Financeiramente, é melhor montar uma estrutura em São Paulo, onde pessoas de todo o Brasil conseguem chegar com facilidade devido à farta malha aérea, e fazer várias apresentações, do que montar uma estrutura em cada cidade e viajar pelo país com as turnês.
“Com o custo do dólar elevado, é compreensível essa tomada de decisão, pois minimizam os riscos. Fazer um show internacional hoje em dia é um desafio, com o dólar valendo cinco, seis vezes mais que a nossa moeda, e num momento em que o público está bastante voltado para o mercado nacional. Se você analisar o Top das 100 músicas mais escutadas atualmente no Brasil, há poucas ou nenhuma internacional. Então, o risco é grande. É mais fácil apostar em nomes consagrados, porém são justamente eles os mais caros e menos acessíveis”, pondera a produtora.
Sim, a logística é o grande desafio em promover shows em nossa região, afirma Rosalina, com custos que geram impacto no orçamento do evento e refletem no valor do ingresso. “Especialmente com os valores elevados das passagens aéreas para nossa região e a escassez de voos. Para terem uma ideia, alguns cantores não aceitam voos com conexão, e cidades como o Rio de Janeiro, de onde partem muitos artistas, não tem mais voos diretos para Belém”, relata, afirmando que somente uma companhia faz essa rota.
“Isso quando o artista não exige jatinho para se locomover. Alguns até têm o seu próprio, no entanto o contratante é responsável por todas as despesas, como combustível e diária do piloto. Não podemos esquecer também que as turnês viajam com carretas e caminhões transportando equipamentos e cenários, e o custo para que tudo isso chegue até Belém é todo nosso”, diz Rosalina.
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