O carimbó tem suas variedades rítmicas e temáticas no Pará. Dependendo do município ou da região do Estado, é possível encontrar diferentes formas de executá-lo, imprimindo sonoridades distintas. Já pensou se essa diversidade toda fosse misturada e gerasse uma nova proposta? Assim é a Orquestra Pau e Cordista do Carimbó, criada há pouco mais de um ano, reunindo músicos e instrumentistas que já haviam tocado juntos com outros artistas e que agora se apresentam no formato de bloco popular percussivo. Após apresentações pela cidade, eles lançam hoje, às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, o EP “Carimbó Avuador”, com três músicas, marcando o início do trabalho autoral do grupo.

O show contará com participações especiais de Félix Robatto, que é parceiro da OPCC e também idealizador e produtor da iniciativa; Lucas Estrela; Renata del Pinho; e Trio Manari. O evento abre a programação do Edital Seiva – Pauta Livre, da Fundação Cultural do Pará (FCP). De acordo com o percussionista Douglas Dias, que também é um dos idealizadores da orquestra, é desafiador “reger” todos os naipes, de cordas e sopros, como sax, flauta, clarinete e banjo, guitarras, contrabaixo, aliados à bateria. Além disso, ele destaca o papel fundamental de homenagem aos grandes mestres paraenses do ritmo. “A orquestra surgiu quando eu e o Félix estávamos voltando de uma viagem, de um projeto. A ideia é dialogar o carimbó com o mundo e a música universal. Então, fazemos um passeio pelas obras dos grandes mestres do carimbó, como Mestre Verequete, Lucindo, Cupijó, Chico Braga, e também os mestres contemporâneos vivos, como Pinduca e Dona Onete, essa pedra fundamental do carimbó e da cultura da amazônica atualmente. E a gente também passeia pela diversidade instrumental, tanto na parte percussiva e quanto harmônica, já que o carimbó tem diversidade de sotaques”, 
explica Douglas Dias.

O EP traz as faixas “Dança Descalça”, de autoria de Cláudio Albuquerque, banjista do grupo, que divide os arranjos com Félix Robatto; “Ovni ou Vinil” é dividida por Douglas Dias e Félix, que também assina os arranjos; e “Balanço do Carimbó” é uma composição de Douglas Dias, com os arranjos de Robatto. À sonoridade própria do carimbó são mesclados sons de música eletrônica, com sintetizadores, além de outros de origem africana, como afrobeat e ijexá. Douglas diz que é possível notar as influências de lugares como Santarém Novo, do Cafezal e da região do Marajó. “Queremos fazer referência à essas obras lítero-musicais”, enfatiza o agitador da OPCC, como prefere ser chamado Douglas Dias. As faixas foram gravadas nos estúdios Caverna do Barbudo e Edgar Proença/Funtelpa, em Belém. “O carimbó avuador é justamente essa metáfora de que estamos dentro desse barco coletando diversas informações para a gente ressignificar com as nossas músicas autorais. É tudo isso que a gente vivencia. Eu, por exemplo, eu que sou o regente, mas me chamo de agitador, venho dessa base raiz. Nasci em comunidade da Pedreira que tem grupos como Sancari, Raiz de Cafezal, que me proporcionou transitar por esse universo do carimbó e sotaques”, diz.

SHOW

Lançamento do EP “Carimbó Avuador” da Orquestra Pau e Cordista de Carimbó com participação de Félix Robatto, Lucas Estrela, Renata del Pinho e Trio Manari
Quando: Hoje, às 20h
Onde: Teatro Margarida Schivasappa (Av. Gentil Bittencourt, 650, Nazaré)
Ingressos: R$ 20
Informações: 98147-7766

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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