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DRAMA

Time da Série D enfrenta crise com apagão no AP. 'Estamos sobrevivendo'

Santos-AP vive drama junto com o estado que sofre com a falta de energia elétrica

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Racionamento de energia, poucas horas de sono, água em escassez, dificuldades para fazer refeições e isolamento no centro de treinamento. Essa é a realidade vivida pelo elenco do Santos, do Amapá, em meio ao apagão no estado que já dura 16 dias. Mesmo com tantas adversidades, o time segue em atividade na Série D do Campeonato Brasileiro.

Na última terça-feira, em um jogo à tarde, em horário modificado, o Santos-AP venceu o Sinop por 3 a 0. Às pressas, o elenco deixou o estádio Zerão, em Macapá, sob os últimos raios de sol, antes de voltar à escuridão que aflige a população. Para mostrar a situação do clube, a reportagem do UOL Esporte ouviu dois dirigentes do Santos-AP, além do presidente da FAF (Federação Amapaense de Futebol). O sentimento é comum aos três: as dificuldades são imensas, e o trabalho é feito sem expectativa alguma de melhora.

E MAIS: Time se defende de acusação feita por atleta paraense

Depois de um segundo apagão total em Macapá na última terça, a cidade voltou ao rodízio de energia. São três horas com fornecimento normal e as três seguintes no escuro.

"Está uma coisa de louco, estamos sobrevivendo", disse Willian Matos, diretor do Santos-AP, que relatou dificuldades para comprar comida, tomar banho e se comunicar por telefone ou aplicativos de mensagem - a entrevista concedida ao UOL Esporte por telefone foi interrompida quatro vezes e complementada por WhatsApp.

"O mais difícil agora tem sido o descanso dos atletas. É um cansaço físico e mental. Antes do jogo, os atletas não dormiram bem, mas foram para o jogo. Estão acontecendo muitas manifestações, e nosso CT fica numa rodovia. A gente ficou uma hora no trânsito", explicou Willian.

O presidente de honra do clube, Luciano Marba, ressaltou que o clube já enfrentava adversidades por causa da pandemia do novo coronavírus. "Com a situação do apagão piorou, muitos jogadores passam a noite sem dormir e precisam treinar de manhã. Estamos vivos na competição aos trancos e barrancos. As dificuldades são todas possíveis e imagináveis", disse o dirigente, que divulgou um manifesto com críticas ao poder público na noite desta quarta.

PERDA DE COMIDA E BANHO RÁPIDO

O primeiro apagão no Amapá resultou na perda de 70% de todo o alimento estocado pelo Santos no CT. O clube faz as compras quinzenalmente, e os freezeres estavam lotados. Agora, com o racionamento de energia em curso, as compras são feitas todos os dias, com preços muito acima do normal.

"Verdura, legumes, o preço das coisas triplicou. A água que levamos para o jogo pagávamos R$ 5 e agora custa R$ 20. Os atletas precisam fazer gelo. O saco que custava R$ 8 está R$ 30", relatou Willian Matos.

A higiene dos atletas, por sua vez, só é garantida porque o clube tem duas caixas d'água no CT. Quando a energia é reestabelecida, as bombas são acionadas para enchê-las.

A comunicação segue instável. No começo da crise, era complicado dar e receber notícias. Além disso, a maior parte dos jogadores do elenco é de outros estados do país. Diante da situação, muitos ouviram apelos de familiares para voltarem para casa. "Os atletas se uniram e disseram que queriam cumprir o contrato, que não iam abandonar, foi uma superação", frisou Willian.

SURTO DE COVID

O Santos ainda precisa cumprir os requisitos estabelecidos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) diante da pandemia. De acordo com Luciano Marba, os testes são realizados antes dos jogos. Na última testagem, nenhum atleta apresentou resultado positivo.

"Teve um surto, uma semana com seis casos e depois mais cinco. Uns 25 já pegaram. No último teste, ninguém testou positivo. Agora estamos com três se recuperando", disse o presidente de honra.

De acordo com Netto Góes, presidente da FAF, os cuidados seguem sendo tomados, como a higienização do estádio antes e depois dos jogos, assim como a testagem regular.

TIME LUTA PELO ACESSO

Apesar das dificuldades e da sétima colocação em um dos grupos da Série D -dos oito times da chave, quatro avançam à segunda fase-, o Santos tem chances pequenas de avançar. Será preciso vencer os três últimos jogos e torcer para tropeços de adversários.

Diante do apagão, o Santos teve dois jogos adiados, que seriam disputados dia 8 e dia 14. Devido à situação, o time disputará três jogos em sete dias. Depois de derrotar o Sinop na última terça-feira, irá enfrentar o São Raimundo amanhã (20), novamente em casa, às 15h. Na próxima segunda-feira (23), o adversário será o Altos, no Piauí.

O estado, inclusive, chegou a ser cogitado para receber os jogos do Santos. "O plano B era essa, jogaa CBF ajudaria nos custos, mas conseguimos mudar os horários dos jogos", contou Netto Góes.

"Outros clubes, que não estão jogando, também estão em dificuldades. Agora precisamos terminar as competições. A final do campeonato estadual feminino teve de ser adiada. Ficou para 8 de dezembro", disse o presidente da FAF.

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