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CASO DE POLÍCIA

Operação mira apostas e coloca sob suspeita jogos da Série A

Ao todo, seis clubes são alvos da operação do Ministério Público de Goiás

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Imagem ilustrativa da notícia Operação mira apostas e coloca sob suspeita jogos da Série A camera E o futebol brasileiro segue sendo manchado | Pietro Carpi/EC Vitória

O Ministério Público de Goiás e autoridades de outros cinco estados realizaram nesta terça-feira (18) a segunda fase da Operação Penalidade Máxima, que mira manipulações em apostas esportivas.

De acordo com os procuradores, as investigações começaram na Série B do Campeonato Brasileiro, mas já colocaram sob suspeita seis jogos da primeira divisão de 2022. São eles: Palmeiras 2 x 1 Juventude, pela 26ª rodada, Santos 1 x 1 Avaí, Bragantino 1 x 4 América-MG, Goiás 1 x 0 Juventude e Cuiabá 1 x 1 Palmeiras, pela 36ª rodada, e Botafogo 3 x 0 Santos, pela 37ª rodada.

Em todas essas partidas, segundo a investigação, jogadores de um dos dois times foram assediados para tomar cartão amarelo ou cartão vermelho –este no jogo Botafogo e Santos. Segundo o MP, não necessariamente as propostas para que os jogares levassem cartões propositalmente foram aceitas. A proposta dos aliciadores era de R$ 50 mil a R$ 60 mil por evento.

Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão. A operação ocorreu em 16 cidades e seis estados. Havia quatro jogadores entre os alvos: Victor Ramos, da Chapecoense, Igor Cariús, do Sport, Gabriel Tota, que atuava no Juventude e se transferiu para o Ypiranga-RS, e Kevin Lomónaco, do Red Bull Bragantino.

Segundo o promotor Fernando Cesconetto, coordenador da operação, é possível que outros jogos tenham sido manipulados, pois a investigação foi iniciada em novembro de 2022, próximo ao final do campeonato. A partida entre Palmeiras e Juventude, válida pela 26ª rodada e realizada em setembro, entrou no radar porque um atleta narrou aos investigadores a tentativa de aliciamento.

O promotor Rodney da Silva comparou os resultados da investigação até aqui à ponta de um iceberg. E sugeriu que o futebol avance em medidas de "compliance".

"A gente tem que trazer essa discussão à CBF. [...] É um momento de reflexão sobre o papel das casas de apostas enquanto incentivadoras do próprio futebol, das federações estaduais e principalmente dos clubes e atletas", disse.

O MP goiano também identificou tentativas de aliciamento em cinco partidas dos campeonatos estaduais de 2023 realizadas entre 8 e 12 de fevereiro em Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo, com propostas que variavam entre R$ 70 mil e R$ 100 mil.

Em 8 de fevereiro, houve uma proposta de cartão amarelo no duelo entre Guarani e Portuguesa, pelo Campeonato Paulista. Em 11 de fevereiro, pelo Campeonato Gaúcho, houve a encomenda de um pênalti a um atleta no Novo Hamburgo no jogo entre Esportivo x Novo Hamburgo. No mesmo dia, pelo Campeonato Mato-Grossense, houve tentativa de manipulação no número de escanteios do embate entre Luverdense e Operário.

No dia 12 de fevereiro, pelo Campeonato Gaúcho, houve a encomenda de um pênalti a um atleta do São Luiz na partida Caxias x São Luiz. Também nessa data, pelo Goiano, foi descoberta uma proposta a atletas do Goiânia para que terminassem o primeiro tempo do jogo contra o Goiás perdendo por determinado placar.

Mais uma vez, o MP esclarece que a investigação, até aqui, não pode apontar se as tentativas de manipulação se concretizaram.

Segundo o MP goiano, há indícios de que o grupo criminoso investigado, ao remunerar as condutas previamente solicitadas aos jogadores, buscava obter lucros em apostas realizadas em sites de casas esportivas, utilizando, ainda, contas cadastradas em nome de terceiros para aumentar os rendimentos.

Depois da operação, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) divulgou nota dizendo que "apoia toda e qualquer ação legal que traga transparência e lisura aos campeonatos que organiza e a todo o esporte brasileiro" e destacou investimento de "quantia vultosa" em ferramentas de "rastreamento e monitoramento de partidas".

A confederação apontou ainda que "interferências externas em resultados ou em situações de jogo são uma epidemia global" e que a solução passa por "punir de forma exemplar e urgente os responsáveis por essa prática nefasta".

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