No Campeonato Paraense de 1913, na final entre Nort-Club e Guarany, irregularidades acabaram marcando aquela decisão, segundo os registros da época, e o Clube do Remo acabou ficando com o título estadual. O presidente Hugo Leão, do Time Negra, resolveu fundar um clube com o objetivo de enfrentar a equipe azulina de igual para igual.
O jornal “Estado do Pará", referência na cidade de Belém do Pará, publicou em sua crônica esportiva, no dia 7 de dezembro de 1913, que iria ser fundado na capital paraense um clube chamado "Paysandu Club", para praticar as modalidades de remo e futebol. No dia 2 de fevereiro de 1914, o jornal publicou, novamente, sobre o clube, mas desta vez convidando para a inauguração da nova agremiação.
O local divulgado no tabloide era a residência de um dos principais fundadores do Paysandu, Abelardo Conduru, que dedicou sua vida ao clube. Ao todo, compareceram 42 interessados de diversas agremiações espalhadas pela cidade. A primeira diretoria foi constituída por: Deodoro de Mendonça, que viria a ser o presidente do clube, Dr. Eurico Amanajás, que assumiria a vice-presidente, Arnaldo Moraes e Humberto Simões, primeiro e segundo secretários do clube, respectivamente. O tesoureiro era Gastão Valente. A Comissão de Sindicância era formada por Pedro Paulo Pena e Costa, Manuel Marcus e Edgar Proença. O delegado perante a Liga era Hugo de Abreu Leão.
Após todas as decisões tomadas, surgiu então uma das potências paraense. O clube fundado no dia 2 de fevereiro de 1914, é uma agremiação poliesportiva de Belém, criada por antigos membros do Nort-Club. E é hoje um dos principais e mais populares clubes do Pará e da região norte. Seu principal rival é o Clube do Remo, com quem disputa um dos maiores clássicos do Brasil, o mais jogado do mundo.
A origem do nome “Paysandu” se deu em decorrência da “Tomada de Paysandu”, guerra que aconteceu em 1865 na cidade de mesmo nome, no Uruguai. Na ocasião o General Mena Barreto e o Almirante Tamandaré comandaram as tropas brasileiras na região. As batalhas envolviam partidos políticos chamados de “Blanco” e “Colorado”.
No fim, o nome do clube acabou sendo registrado com Paysandu FootBall Club. Apesar da escolha, somente por 17 dias a denominação foi mantida. Isso tudo porque logo após o acontecimento, o clube foi filiado à Liga Paraense de Futebol (atual Campeonato Paraense) e surgiu a ideia de mudanças entre os conselheiros do Papão. Após votações, a entidade passou a se chamar Paysandu Sport Club, como é conhecido até hoje.
Ao longo de seus 108 anos – comemorados nesta quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022 –, o Paysandu já conquistou 49 Campeonatos Paraenses – o primeiro em 1920 e último em 2021. Além destes, dois Campeonatos Brasileiros da Série B (1991-2001), uma Copa Norte, uma Copa Verde em 2016 e 2018 e uma Copa dos Campeões – que garantiu a participação do clube na Copa Libertadores da América de 2003 – figuram no currículo de conquistas do Papão.
Sempre fazendo parte da elite do futebol paraense, o Lobo disputa atualmente (2022) o Campeonato Brasileiro da Série C, a Copa do Brasil e a Copa Verde. Já esteve em 20 oportunidades disputando a Série A do Campeonato Brasileiro e 24 vezes da Copa do Brasil
O Clube de Suíço
O Paysandu já foi muito conhecido como “O Clube de Suiço”. Ainda hoje, às vezes, assim é chamado. Mas, quem foi “Suiço”? Seu nome: Antônio Barros Filho. Foi um dos grandes futebolísticos que o Pará já teve. Dizem que iniciou-se na Suíça, e daí o apelido. Paraense, nasceu em 1899 e morreu, ainda moço, aos 23 anos, no dia 2 de julho de 1922. Jogava com eficiência em qualquer posição, mas destacava-se como lateral esquerdo ou centro-médio, o famoso meia armador nos dias atuais. Foi sempre o “capitão do time” no Paysandu, função que, na época, incluía a de treinador.
O Guarany Football Club, da Av. José Bonifácio, onde Suiço jogava em 1914, no campeonato desse mesmo ano, perdeu para o Paysandu por 4 x 1. Só em fins de 1914 que Suiço passou para o Paysandu, estreando em 31 de Janeiro de 1915, na meia-direita, contra o Clube do Remo, com vitória bicolor por 2x0.
O ídolo amava o Paysandu que, para ele, era uma espécie de devoção. Havia na sede antiga do Paysandu, a que foi demolida para dar lugar a atual, carinhosamente guardado em armário envidraçado, o último uniforme do Paysandu que Suiço usou (camisa, calção, meias e chuteiras), e , na parede, pendurado por cima desse armário, o retrato emoldurado de do lendário jogador.
Dizem que em um Paysandu x Remo, em 15 de julho de 1923, Campeonato Paraense, no final do jogo, placar 0x0, pênalti contra o Paysandu. João Moraes, goleiro do Paysandu, disse depois ter ouvido a voz de Suiço: “te atira para o lado direito”. Não teve dúvida, fechou os olhos, ouviu o apito, e jogou-se para o lado direito... Defendeu! Rápido, chutou a bola para frente, Vadico pegou e fez 1x0 para o Paysandu. Minutos depois o jogo acabou. Juiz desse jogo: Hugo de Leão.
Mais ou menos sobre isso, “A Semana” de 8 de dezembro de 1923, publicou o seguinte: “FURO – Como andaram espalhando que a vitória do Paysandu era de vida e alma de “Suiço” que estava encorajando os seus companheiros, o Pedro Mello, que também é abnegado, resolveu “morrer” para vim encorajar seus companheiros de clube” (no caso, Clube do Remo).
Campeão Brasileiro 1991:
Ao todo, o campeonato contou com a participação de 64 clubes, que foram divididos em oito grupos de com oito equipes cada. Foram jogos de turno e returno e os dois primeiros de cada uma das chaves se classificava para as quartas de final. Os dois finalistas garantiam vaga na Série A do Campeonato Brasileiro de 1992. Na decisão, o Lobo bateu o Guarani por 2 a 0, conquistando seu primeiro nacional.
O time tinha em seu elenco, dentre outros, os seguintes jogadores: Luís Carlos, César, Ari, Nadi, Paulo Cruz, Maurício, Gerson, Oberdan, Rogerinho, Cacaio, Fernando, Mazinho, Pedrinho, Léo, Jorginho Macapá e Dadinho. O técnico era Joel Martins. O artilheiro da competição foi Cacaio, do Paysandu, com 14 gols.
Estatísticas do Paysandu: 22 Jogos; 13 Vitórias; 4 Empates; 5 Derrotas; 35 Gols Pró; 13 Gols Sofridos
Campeão Brasileiro 2001:
A Segundona contou com 28 equipes participantes, que foram divididas em dois grupos, com o sistema regional. Foram jogos de turno e returno, com as quatro melhores de cada chave avançando para as oitavas de final. Depois, os classificados se enfrentavam em um Quadrangular Final, onde os dois garantiam vaga na Série A de 2022.
O Paysandu sagrou-se bicampeão da Série B do Campeonato Brasileiro em 2001 ao bater o Avaí pelo placar de 4 a 0. Os bicolores entraram em campo com: Marcão; Valentim, Gino, Sérgio e Lino; Sandro Goiano, Rogerinho, Luiz Carlos e Jóbson; Zé Augusto e Vandick. O técnico era Givanildo Oliveira.
Copa Norte 2002:
Quatro grupos com quatro equipes em cada foram formados. Os dois melhores classificados de cada chave foram para a fase seguinte, onde foram formados dois quadrangulares. Os dois primeiros faziam a grande final. O Papão bateu o São Raimundo-AM por 1 a 0 e 3 a 0 nos jogos. Lecheva, duas vezes, e Lecheva, marcaram na Curuzu para o Lobo.
Em 14 jogos no regional de 2002, o Paysandu obteve 9 vitórias, 3 empates e sofreu apenas 2 derrotas. Marcou 26 gols (média de 1,8) e sofreu 9 (0,6). Com o título o Paysandu ganhou a vaga na Copa dos Campeões do mesmo ano.
Copa dos Campeões 2002:
A competição nacional reunia os melhores colocados nos torneios regionais. Foram 16 clubes participantes, com quatro times em cada um dos quatro grupos. Os 2 primeiros de cada chave avançariam para as quartas-de-final. Os vencedores para as semifinais e, por fim, para a grande final. Todas as fases foram disputadas apenas em jogos de ida, com exceção da final.
Na primeira partida da decisão, disputada no Estádio Mangueirão, em Belém, vitória mineira por 2 a 1. Fábio Júnior e Joãozinho marcaram para a Raposa. Sandro fez para o Papão.
O confronto da volta foi no Estádio Castelão, em Fortaleza, no Ceará. Os bicolores precisavam de uma vitória por dois gols de diferença, mas viram tudo complicar com o Cruzeiro abrindo o placar com Fábio Júnior logo aos 9 minutos. Vandick empatou aos 11 e virou o placar aos 21. Cris empatou aos 39 minutos, mas, um minuto depois, Vandick marcou seu hat-trick na partida.
Na segunda etapa, Fábio Júnior voltou a marcar e deixou tudo igual aos 6 de jogo. Jobson marcou o quarto e levou a decisão para os pênaltis. Lá, a Raposa errou seus três primeiros, com Marcão pegando um, e viu Jobson, Vélber e Luís Fernando marcarem, dando o título para o Paysandu e garantindo vaga na Libertadores de 2003.
Trajetória do Paysandu na Copa dos Campeões
Libertadores 2003:
Como falado anteriormente, o Paysandu garantiu vaga no torneio mais importante de futebol da América por conquistar a Copa dos Campeões. A equipe é até hoje a única do norte a participar da competição internacional. Além do Papão, Santos, Corinthians e Grêmio representaram o Brasil. Róbson "Robgol", Iarley, Sandro Goiano, e Vélber eram alguns dos principais nomes do Lobo, que era comandado por Darío Pereyra.
O Papão fez parte do Grupo 2, junto com Cerro Porteño, Sporting Cristal e Universidad Católica. Foram quatro vitórias e dois empates, terminando na primeira colocação da chave com 14 pontos. Foi a terceira melhor campanha, atrás apenas de Corinthians (15 pontos) e Santos (também com 14 pontos) mas que tiveram saldo de gols superior.
Nas oitavas de final, entrou para a história mesmo com a eliminação. O Paysandu enfrentou o Boca Juniors, tradicional clube argentino, até então dono de 4 títulos na Libertadores, e que terminou a primeira fase na segunda colocação do grupo 7, com 11 pontos. Apenas três clubes haviam vencido os argentinos até 2003. O Grêmio de Gessy, em 1959, Santos de Pelé, em 1963, e o Cruzeiro de Ronaldo em 1994.
O Papa Títulos do Norte foi o quarto: na noite do dia 24 de abril de 2003, o desconhecido clube da região norte do Brasil entrou no caldeirão da La Bombonera para fazer história e bateu o tetra campeão da Libertadores, até então, e bi mundial por 1 a 0, com gol de Iarley. Tudo isso com dois jogadores expulsos. Na volta, no mangueirão, em Belém, com show de Schelotto, vitória dos Xeneizes por 4 a 2.
No final, os Azul y Oro foram campeões e hoje contam com seis títulos da Libertadores. O Clube Suíço terminou em 9º no geral e o atacante Róbson "Robgol" foi o terceiro maior goleador da competição, com 7 gols.
Retrospecto do Paysandu na Copa Libertadores de 2003
Jogos: 8; Vitórias: 5; Empates: 2; Derrotas: 1; Gols Marcados: 17; Gols Sofridos: 9.
A campanha:
13 de fevereiro de 2003 - Lima, Peru - Sporting Cristal 0-2 Paysandu;
6 de março de 2003 - Belém do Pará - Paysandu 0-0 Cerro Porteño;
11 de março de 2003 - Belém do Pará - Paysandu 3-1 Universidad Católica;
18 de março de 2003 - Belém do Pará - Paysandu 2-1 Sporting Cristal;
27 de março de 2003 - Assunção, Paraguai - Cerro Porteño 2-6 Paysandu;
15 de abril de 2003 - Santiago, Chile - Universidad Católica 1-1 Paysandu.
Estádio da Curuzu
Antes de jogar no Estádio da Curuzu, o Paysandu mandava seus jogos no campo da empresa Ferreira & Comandita, na Tv. São Matheus, atual Padre Eutíquio. Em julho de 1918, o clube adquiriu o espaço na Almirante Barroso, sendo inaugurado no dia 27. Por conta da longevidade, é carinhosamente chamado de "Vovô da Cidade".
Atualmente, a praça esportiva conta com 16.200 lugares. O recorde de público aconteceu em 2021, quando o Paysandu venceu o Avaí por 4 a 0 e sagrou-se Bicampeão da Série B do Brasileiro. Inclusive, o primeiro título, em 1991, assim como a Copa Norte, em 2002, foram conquistados na Curuzu.
Mascote:
O termo "Papão da Curuzu" foi criado em 1948 pelo jornalista Everardo Guilhon, escritor do jornal A Vanguarda. Em uma de suas crônicas, ele explicou que na sua infância, quando sua mãe queria fazer medo para ele, dizia: “dorme logo, pois lá vem o bicho-papão!”. Por conta da equipe do Paysandu meter medo em seus adversários na época, ele associou o apelido ao clube. A manchete do jornal: “Hoje treina o bicho-papão”.
O apelido se tornou popular entre os torcedores, que já tinham o Esquadrão de Aço, outra alcunha que surgiu na época. No decorrer do tempo, o que mais ficou conhecido foi o famoso "Papão da Curuzu", o maior campeão de títulos de futebol do Norte do País. O mascote do Paysandu é representada por um lobo, chamado "Bicho Papão".
Hinos
O hino oficial do clube foi composto pelo poeta José Simões no ano de 1916. No entanto, ele não é muito popular. A torcida adotou uma marchinha como hino. Está foi produzida por Francisco Pires Cavalcanti, entusiasmado com a vitória do Paysandu sobre o Peñarol, em 1965.
Uniforme
Hugo Leão foi quem propôs o uniforme do no dia 10 de fevereiro de 1914, oito dias após a fundação. A aprovação da Assembleia Geral saiu por unanimidade no dia 19 de fevereiro. Até hoje o Paysandu veste uma listra branca e outra listra azul.
Títulos:
Honorários: Tríplice coroa 2002
Nacionais:
Copa dos Campeões: 2002
Campeonato Brasileiro da Série B: 1991 e 2001
Regionais:
Copa Verde: 2016 e 2018
Copa Norte: 2002
Estaduais:
Campeonato Paraense: 49, ao todo 1920, 1921, 1922, 1923, 1927, 1928, 1929, 1931, 1932, 1934, 1939, 1942, 1943, 1944, 1945, 1947, 1956, 1957, 1959, 1961, 1962, 1963, 1965, 1966, 1967, 1969, 1971, 1972, 1976, 1980, 1981, 1982, 1984, 1985, 1987, 1992, 1998, 2000, 2001, 2002, 2005, 2006, 2009, 2010, 2013, 2016, 2017, 2020 e 2021.
Torneio Início do Pará: 17, ao todo
1917, 1926, 1929, 1930, 1932, 1933, 1937, 1938, 1944, 1957, 1958, 1962, 1965, 1966, 1967, 1969 e 1970
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