Dando sequência à série de entrevistas com os candidatos à presidência do Clube do Remo, nesta quinta-feira (26) conversamos com Renan Bezerra, cabeça da chapa “Frente Azulina”, que terá como vices Carlos Magno e Diego Bessa.
As eleições no Clube do Remo ocorrem no dia 12 de novembro e o vencedor irá estar à frente do Leão Azul pelo próximo triênio. Com o objetivo de trazer transparência e o entendimento claro aos torcedores e todos aqueles interessados, o DOL está ouvindo as propostas de todos os candidatos.
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1- Qual é a sua visão para o futuro do Clube do Remo e como você planeja alcançá-la?
"A gente estruturou um projeto para o clube pautado em três pilares: a transparência, a inovação e o profissionalismo. E a gente não vai medir esforços para alcançar isso. A gente precisa ainda fortalecer o nosso portal de transparência para que o nosso torcedor, o nosso associado, o nosso sócio torcedor, a imprensa entenda onde está sendo investido os valores que o clube recebe, onde está sendo aplicado o dinheiro da bilheteria do sócio torcedor, as receitas de patrocínio e por aí vai. Então, esse é um ponto muito sensível para a gente, a questão da transparência. Através disso, podemos avançar no mercado compartilhando valores com parceiros, abrindo leque de opções e conseguindo pautar o clube em um outro cenário mais profissional, confiável e de credibilidade. No que diz respeito ao profissionalismo, vamos contratar quatro executivos ainda nos primeiros seis a oito meses de gestão, o executivo de futebol, que já vai chegar nos primeiros dez dias da gestão, o executivo que vai tocar a parte de gestão de projetos estratégicos, vai dialogar com os esportes olímpicos, com as áreas do clube, e tratar de reputação de recurso. De financiamento estatal ou de financiamento privado, mas vai profissionalizar a área. Vamos ter um clube com muito mais projetos e com muito mais possibilidade de acessar financiamentos, recursos e tal".
"O executivo de marketing, que vai tomar conta de um ativo importantíssimo, que é o Nação Azul, a própria Diretoria de Marketing e o Departamento Comercial, cada uma dessas áreas terá o seu gerente, terá sua equipe própria, porém, sobre a coordenação desse executivo e a gente vai profissionalizar as áreas. Hoje a gente não tem dentro do Departamento Comercial, por exemplo, uma parte que cuida de licenciamento, de gestão de contratos, de relacionamento com as lojas, de prospecção de mercado, então a gente vai iniciar um processo do zero. O outro executivo que nós vamos contratar é o executivo administrativo-financeiro, porque a gente entende que o clube precisa respeitar fluxos de processos. Tem toda uma cadeia que a gente precisa racionalizar e esse executivo, obviamente, teria como missão fazer essa racionalização de fluxos de processos, de implementar algumas coisas dentro do clube, sempre com transparência, profissionalismo e inovação. Queremos uma diretoria nova, que é de ciências, dados, tecnologia e inovação, que ela ficaria junto com a diretoria de projetos estratégicos e tomaria conta do projeto chamado DNA Azulino, que é uma plataforma, um ecossistema, onde a gente traz o torcedor, o sócio-torcedor e o associado para viver o Clube do Remo nas suas potencialidades. Através desse sistema, a gente integrar mais o clube, trazer para o ambiente digital".
2- Como pretende lidar com os desafios financeiros do clube?
"Sabemos que os desafios são muitos, mas vamos enfrentar e gerar novas receitas, revisar todos os contratos de aluguéis, fazer um novo estudo sobre o programa de sócio torcedor que, inclusive, é um ativo importante para o clube. Hoje, não temos um entendimento se o valor está caro ou barato, isso porque não temos esse estudo. Não temos nem mil sócio torcedores ativos. Isso é uma vergonha para um clube desse tamanho. Vamos potencializar também a questão de fornecimento de material esportivo, patrocinadores, criar receitas novas através do ambiente digital, do nosso ecossistema, DNA azulino. Vai ser também uma forma da gente transformar esse ambiente digital em receitas novas. Somado a isso, ainda falando sobre o ecossistema DNA Azulino, é uma plataforma de inovação, onde a cada vez que o torcedor vai consumir dentro do Clube do Remo, ele vai ganhando pontos. Quando ele faz isso, me entrega informações importantes, como escolaridade, faixa etária, faixa de renda, preferências de consumo e a gente consegue entregar produtos cada vez mais nichados. O grande lance é fazermos dinheiro novo dentro do clube. E uma das medidas que nós vamos tomar é fortalecer o departamento comercial."
"Inclusive, vamos montar um escritório em São Paulo para ter relação com o mercado do futebol, com a indústria do esporte, onde a gente pode dialogar melhor com o fornecedor de material esportivo, com o patrocinador, com atletas. Vamos conseguir mobilizar melhor as vantagens competitivas que o Remo tem. Somado a isso, ainda falando sobre os desafios financeiros que o clube tem, não podemos ter uma folha que é a maior da Série C. Não ficar nem entre os 8, não classificar sequer para o quadrangular, que é uma vergonha também porque é sinal que o dinheiro foi mal aplicado. Então, o orçamento em si não seria um problema, principalmente no que diz respeito ao futebol. Precisamos racionalizar todos os fluxos e processos e aí eu não tenho dúvida que ao final desses 3 anos a gente vai ter um clube cada vez mais autossustentável."
3- Qual é a sua estratégia para fortalecer as categorias de base do clube e desenvolver talentos locais?
"A base vai ser totalmente integrada com o futebol profissional Já temos negociações com um executivo, um coordenador de futebol, treinador e eles têm a noção que vão precisar trabalhar de forma integrada com a base. Também vamos implementar o CFUT, que é o Centro de Inteligência de Futebol, no futebol profissional, que além da implementação da área física, com a sala, com o drone, com câmera, com as telas e isso também atenderá a base. Vamos ter um acompanhamento mais fidedigno, mais próximo desses atletas, entendendo quais são as suas realidades. Importante dizer que a base, via de regra, são atletas de periferia e que nem sempre têm condições socioeconômicas favoráveis. Então, será preciso termos à disposição deles assistente social, psicólogo, educador físico, médico, para entender os problemas deles desde a raiz. Vamos também acompanhar a família deles. Somado a isso, a gente tem a questão dos campeonatos de interior, que a gente vai buscar aumentar a nossa capilaridade dentro da nossa região, e quando eu falo interior, é o interior da Amazônia, não só o interior do estado. Às vezes é mais fácil você estar em Macapá, por exemplo, no Amapá, do que você estar ali no extremo sul do nosso Estado."
"Uma importante realização que nós vamos implementar é a questão do time de transição. O time de transição é um time que ao invés do garoto sair com 20 anos para o profissional, ele pode sair aos 22, 23 anos. A gente daria um tempo a mais para esse atleta ter as condições para adentrar ao time profissional. Vamos trabalhar a condição psicológica, física, mental, de saúde, performance, técnica, tática. Esse tempo é aquilo que o atleta precisa para ter maturidade. Entrando antes, às vezes acaba perdendo um valor que poderia ser um ativo importante para o clube, poderia render frutos, justamente porque não estava preparado. Hoje, não temos gerente de base e vamos precisar. Vamos respeitar o estatuto no que diz respeito ao orçamento, onde 5% dos recursos de bilheteria e 10% do patrocínio devem ser aplicados nas categorias de base. Então, esse vai ser nosso compromisso para a base do clube."
4- Quais medidas serão adotadas para aumentar a base de sócios e como fazer esse programa deslanchar?
"Vamos partir da contratação de um executivo e de uma equipe especializada. Se for o caso, também profissionais de fora do Estado vão trabalhar especificamente no sócio torcedor, com estudos desde a precificação, desde os planos, desde a remodelagem completa no programa e vamos incluí-lo no ambiente virtual, no ecossistema, que é chamado DNA Azulino. Vamos também promover para esse sócio torcedor a melhoria no fluxo e no acesso ao estádio, trazendo promoções, um clube de vantagem, desvincular um pouco mais a questão do futebol. Hoje, o programa é inexistente, é até difícil falar isso, mas o programa hoje não existe. Não há sócios no potencial que o clube tem. Não tem vantagem nenhuma. Só há o benefício de entrada nos jogos de futebol. E essa lógica nós vamos mudar completamente a partir do dia 12 de novembro, quando a gente ganhar as eleições. Vamos estruturar e remodelar esse programa de sócio e torcedor"
5- Qual é a sua experiência anterior em cargos de liderança em organizações esportivas ou em gestão esportiva?
"Eu tive a oportunidade de ser eleito conselheiro do clube em duas oportunidades. Estive no papel de fiscalizador, como legislador, votando, apreciando propostas, fiscalizando contas. Nos últimos anos, eu estive por mais 4 anos e meio como diretor de marketing e fizemos grandes projetos, como a marca Rei, festival gastronômico, a remodelação das lojas do clube, mudando a marca, trouxemos a questão da Amazônia para dentro do espectro do clube, para fazer parte do seu posicionamento de marca.
"Redes sociais tivemos um boom. Nós saímos de plataformas com 100 mil seguidores e estamos com mais de meio milhão hoje. Todas as redes que podem ser monetizadas estão monetizando. Um exemplo disso é o YouTube. A gente tem um orgulho danado desse trabalho que nós fizemos. Somado a isso, quando nós assumimos a diretoria de marketing, em 2019, o clube não tinha sala, o clube não tinha nenhuma máquina fotográfica, aí a gente conseguiu estruturar. O clube tem uma estrutura adequada, mesmo longe da ideal, mas o clube já tem uma estrutura, uma sala para reunir com parceiros, para reunir com a equipe, para reunir com potenciais investidores. Tocamos duas reformas na sala de imprensa do clube, então acho que tem um credenciamento importante nesses anos que eu estive à frente do Clube do Remo"
6- Como você pretende melhorar a infraestrutura do clube, como o Baenão, CT, NASP e instalações para torcedores?
"Somos a única chapa que respeita a questão da profissionalização, então nós estamos trazendo para a nossa vice-presidência de negócios um cara que é administrador, um cara que tem MBA, que é empresário para ser o vice-presidente de negócios. E para a área de infraestrutura nós trouxemos um engenheiro, nós somos a única chapa que respeita essa questão desde a concepção, a questão da profissionalização. As instalações físicas terão um grande projeto que ficará a cargo do nosso vice-presidente de infraestrutura, o Carlos Magno, que vai tratar do Baenão, CT, sede social, ginásio, NASP, áreas náuticas, todas terão um projeto específico, e a gente vai lidar esse projeto junto ao Condel. A gente se compromete em entregar ao fim dos três anos a área das Mercês e a área do Carrossel. No que diz respeito à sede social, nós vamos promover uma revitalização do nosso parque aquático, reformar o nosso salão nobre, equipar toda a área das piscinas ali para dar uma estrutura melhor ao nosso associado. A sede náutica também será revitalizada e será entregue funcionando. A questão do CT vamos promover investimentos de infraestrutura importantes. Precisamos reformar os três campos. Vamos entregar os alojamentos, o fluxo de acesso tanto no CT, quanto na sede social e no ginásio. A gente vai implementar catracas dentro dessas áreas porque são áreas que são sensíveis pelo trânsito de atletas, de pais, de menores de idade. Isso também gera uma receita nova para o clube, importante se dizer".
7- Qual é a sua estratégia para atrair patrocinadores e parceiros comerciais para o Clube do Remo?
"A primeira é racionalizar toda a nossa casa, o nosso clube, promovendo a questão da transparência, a questão de acessos e tal. E somado a isso, temos as redes sociais, um posicionamento muito mais interessante, atrativo para o patrocinador, para o parceiro comercial. Vamos aumentar a nossa rede no primeiro ano. Nossa meta é aumentar em 10% a receita de patrocínio, pelo menos, assim como a receita de arquibancada, o orçamento do clube em geral. E essa questão do patrocinador, do parceiro, nós vamos ter um escritório em São Paulo para dialogar melhor, ali no centro comercial e político econômico do país, onde vamos poder dialogar melhor com um fornecedor de material, um empresário de atleta, com potenciais patrocinadores, com a indústria do futebol em si. Tudo isso vai ficar a cargo dessa nova estrutura do departamento comercial que nós vamos implementar no clube a partir do dia 12 de novembro".
8- Como você abordaria questões de governança e transparência no clube, garantindo que as operações sejam éticas e financeiramente responsáveis?
"Isso é um ponto muito sensível e será um dos nossos pilares de gestão. Nós vamos fortalecer o Portal da Transparência, criar ambiente virtual para que o associado através de um login possa acessar os seus dados, podendo ver o balanço financeiro do clube, os atos administrativos que são importantes. Hoje, o clube não tem. Você não sabe quem é quem, não sabe qual é a função e porque diretor está naquela área. Vocês podem ter certeza que será uma área muito sensível para a gente, que vamos olhar com muito carinho, com muita responsabilidade. Já falando da questão de responsabilidade financeira, a gente tem não só o acompanhamento de contadores, do staff profissional, mas estamos estudado muito a questão de segurança corporativa, a questão de valores, de cultura organizacional. E fazer o básico já é muito para o clube gastar menos do que arrecada, pagar em dia, ter responsabilidade com dinheiro, mas não só isso, fazer com que a gente potencialize esses valores. Uma das coisas que a gente acha interessante, por exemplo, não tem comprador, não tem um administrador com essa função de compras. Obviamente ele não faria só isso. Mas o clube não tem. O clube gasta mal o seu recurso, que é um recurso escasso. O erro começa a ir na falta de tomada de preço, na falta de acompanhamento, na falta do cumprimento de questões simples e básicas da contabilidade".
9- Qual é a sua abordagem para lidar com questões de diversidade e inclusão no clube?
"Enquanto eu dirigia o departamento de marketing, nós fomos responsáveis no clube por uma série de campanhas sociais que envolvia desde a questão da negritude, a questão de violência contra a mulher, a questão da criança e do adolescente, a questão de LGBTQIA+, uma série de pautas sociais. A gente colocou isso na ordem do dia do clube. Isso possibilitou que o fossemos premiados, estreitando parcerias com o Ministério Público e com a Defensoria Pública. Hoje, o clube trocou algumas multas que tomaria pela mídia nas redes sociais do clube. Então, nós vamos aprofundar essa relação. Hoje a gente tem o entendimento que o clube é um protagonista de transformações sociais e que a gente pode, através do esporte, mudar a vida das pessoas para melhor.
"Campanhas consistentes e permanentes, por exemplo, agora, em novembro, a gente conseguiu emplacar a da Consciência Negra, e nós fomos pioneiros nisso aí, nós fomos vanguarda nisso aí, enquanto dirigimos o clube. Isso não só tem a questão da responsabilidade social por trás, mas tem a questão econômica, financeira, de mercado, você consegue ter um ativo importante, você consegue trazer um produto para o mix da sua loja, você consegue dar oportunidade para que o torcedor adquira um produto, para que ele se sinta parte disso. Não tem sentido nenhum hoje no futebol, em pleno 2023, praticamente 2024, a gente ainda estar discutindo questão de orientação sexual, a gente estar discutindo por que a mulher ainda vai mal tratada no estádio, por que o homossexual não pode estar na praça esportiva. Então, esse também é o nosso compromisso de tornar a praça esportiva o ambiente cada vez mais inclusivo, mais convidativo para todos. O Remo é um clube de massa, um clube do povo e precisamos nos posicionar como tal"
10- Treinador e executivo são peças fundamentais para a temporada do futebol. Quais os nomes de sua preferência para esse cargo, visto que a eleição já será dia 12 novembro e o clube terá menos tempo de planejamento para iniciar 2024
"Já temos conversas avançadas com o executivo, coordenador de futebol, com o treinador, mas obviamente esses nomes só serão divulgados na primeira semana, nos primeiros 10 dias de gestão. O que podemos adiantar é que formaremos um time equilibrado, jogando ofensivo, que vai buscar o resultado, com a essência cabana, aquela time brigador. Embora não possamos controlar, vamos montar um time para ganhar campeonato, para brigar jogo a jogo, para honrar o torcedor, o pai de família que deixa de botar comida na sua mesa para comprar o ingresso, para pagar seu sócio torcedor, vamos fazer com que o atleta entenda a importância disso. Para a cidade, para o Estado, é muito importante que eles saibam que quando eles saem daqui com resultado positivo, todo mundo fica feliz, mas quando eles saem daqui no insucesso no futebol, outros funcionários do clube sofrem por tabela, sofrem transversalmente, a turma da cozinha, a copeira, o porteiro, todo mundo fica numa condição difícil, a turma que é demitida do clube, o que é um absurdo, então o atleta de futebol, o staff do futebol todo têm que entender os objetivos e lutas".
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