Após a conquista do Parazão, os jogadores do Remo decidiram, em comum acordo, paralisar as atividades enquanto time de futebol. Bola foi o que menos se viu até a última rodada. Tudo bem, duas vitórias, uma delas fora de casa, na melhor apresentação da equipe na Terceirona, mas foi só. No mais, jogos arrastados, enfadonhos, aquela “momó” interminável nos 90 minutos e pouca lucidez. Nem mesmo os ensinamentos do mestre Giva foram suficientes para despertar seus comandados para uma reação. O rei dos estaduais fracassou na missão e foi convidado elegantemente a voltar para Olinda (PE), passando o bastão para o ex-jogador Artur Oliveira.

O Remo de hoje continua uma incógnita, e é até natural, já que o novo treinador tem poucos dias de casa. Nesse curto período, pelo menos atendeu a um apelo quase unânime das arquibancadas ao deixar Isac e Jaime no banco. Givanildo insistiu tanto na dupla que acabou morrendo abraçado à ela. Esperto, Artur viu que dificilmente daria caldo e vai testar um novo ataque contra o também desesperado Salgueiro. Como o Leão, o Carcará tem a Série D fungando no cangote. Neste domingo, vencer a qualquer custo é o que importa aos donos da casa. O jogo bonito fica para depois. Talvez por isso Artur aposte tanto nessa mudança sutil no time, colocando jogadores mais famintos.

A outra dúvida está no próprio comandante. Artur fez um bom trabalho no Bragantino. Mas para por aí. O kit azulino tem prestígio, tradição, exposição e muita pressão. Ao aceitar o convite, certamente o acreano tinha ciência do campo minado que é o Baenão. Mas tem um trunfo importante: a moral com a torcida. O ídolo remista chega com uma gordura boa para perder, embora o momento não seja propício a tropeços, senão pode entrar na zona da degola e se afundar ali. Contudo, o simples fato de ser bem quisto dá a ele uma boa tranquilidade para começar os trabalhos.

Por enquanto vai na lábia do boleiro, na transmissão desse entusiasmo e, com sorte e competência, quem sabe o Remo não volte a sorrir na competição. Engatar uma sequência vitoriosa é crucial. Afasta a ameaça da queda, traz a torcida para o estádio e aí é só administrar o bonde ladeira abaixo. Não há mágica nisso, é puro trabalho. E o Artur manja de tática, estudou e pesquisou bastante ao decidir ser um treinador. Tem uma carreira internacional, jogou em times grandes no Brasil e pode ter absorvido muitos ensinamentos dos mestres que o comandaram. Em resumo, Artur, que não vai deixar de ser também o para-raio da diretoria, é o negociador que o Remo precisava para colocar um fim a essa greve de futebol.

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