Paulo Bonamigo, técnico de grande identificação com o Remo e responsável pela conquista do acesso à Série B, não resistiu ao desgaste da campanha insatisfatória neste começo de campeonato. Não conseguiu permanecer um ano no comando (chegou em setembro de 2020). Caiu após a 7ª rodada porque lutou contra um adversário sempre temível para qualquer técnico: elenco insuficiente para aguentar o torniquete de um jogo a cada três dias imposto pela tabela.
Discreto, aplicado e trabalhador, Bonamigo sai por cima, apesar do mau momento do time. Ao longo de sua segunda passagem pelo Evandro Almeida, perdeu apenas oito jogos em 44 disputados e, além de colocar o Remo na Série B, chegou a duas finais. A torcida vive um misto de tristeza, pela saída de um profissional profundamente alinhado com as cores azulinas, e de esperança quanto a uma recuperação dentro do Brasileiro.
O técnico começou a perder prestígio com a eliminação no Campeonato Estadual. A perda dos títulos da Série C e da Copa Verde foi assimilada. Todos entenderam que na primeira o surto da covid-19 impactou fortemente no desempenho do time, na segunda pesou o processo de desmanche do elenco de 2020 – saíram 16 jogadores.
Tudo mudou de figura quando começou o Parazão. Dez entre dez palpiteiros apontavam o Remo como favorito ao título. Dono do maior investimento, com peças que foram contratadas para a Série B, o time teve um bom início de campanha. Manteve-se invicto, sem empolgar, até a semifinal, quando foi abatido pela Tuna nas penalidades.
O revés inesperado no Estadual jamais foi compreendido pela torcida azulina e representou uma ruptura. Até defensores empedernidos de Bonamigo dentro da diretoria ficaram sem palavras. A aura vitoriosa foi se desfazendo e dando espaço para preocupações. Afinal, se não conseguia se impor numa competição de nível técnico raso, como o Remo iria se comportar na duríssima Série B?
As aflições tinham fundamento. O desenrolar do Brasileiro escancarou problemas que já haviam se manifestado lá atrás. A dificuldade de manter o mesmo nível de intensidade nos jogos, setor de criação deficiente, falhas recorrentes no sistema defensivo e baixa efetividade do ataque.
Logo nos primeiros jogos, o Remo se mostrou um time mais preocupado em controlar as ações usando de uma estratégia de passes laterais, tão irritante quanto pouco funcional. Tocando lentamente a bola, a equipe pouco evoluía e perdia tempo precioso longe do ataque.
Depois de boa estreia contra o CRB e da vitória sobre o Brasil, a ineficiência ofensiva marcou presença contra Botafogo, Vitória e Guarani. Foram três jogos sem marcar, ostentando a pífia média de três tentativas de ataque por partida, uma das piores da Série B. Baixas importantes, decorrentes da maratona de jogos, contribuíram para enfraquecer o time.
Contra o Náutico, sábado passado, houve um princípio de recuperação. Mesmo muito fustigado pelo líder da Série B, a marcação funcionou e o ataque foi cirúrgico, chegando ao gol em jogada bem construída a partir do meio-campo. Só não venceu por força de um erro de arbitragem.
Por fim, anteontem, no Baenão, o jogo até equilibrado do primeiro tempo contra o Sampaio Corrêa desandou após mexidas que desconstruíram a equipe. A defesa ficou exposta, o meio parou de articular jogadas e o ataque não acertou nenhum chute a gol.
Atento aos problemas do elenco, à falta de um organizador competente e de um definidor, Bonamigo entendeu que não tinha muito mais a fazer para obter uma reação imediata. Optou por sair. Na despedida, enalteceu a torcida e disse que jogadores que chegam ao Remo “têm que entender que o sentimento tem que vir junto”. Uma discreta pista quanto ao rendimento de alguns atletas.
Em perfeita confirmação da fama de profissional sério, pediu demissão do cargo, o que deixa o Remo em condições de contratar mais dois técnicos ao longo da competição. Grande e digno até o final.
Os caminhos que podem se abrir para o Remo
A troca de treinador costuma trazer motivação ao elenco e até conduzir a vitórias. Quase sempre, porém, o efeito é passageiro. Logo tudo volta ao ramerrame anterior. Por isso, não cabe esperar muito da gestão temporária de Netão, que dirige o Remo contra o vice-líder Coritiba, amanhã.
Nem adianta turbinar a situação com ameaças e xingamentos, como fez no aeroporto de Val-de-Cans um grupelho de torcedores “organizados”, imitando a ação intimidadora que os bicolores promoveram no embarque do time do PSC na sexta-feira passada.
A essa altura, o que o Remo mais precisa é de tranquilidade para se recompor e buscar uma reação dentro da Série B, saindo da 17ª posição atual. O time deve ter mudanças, mas não na maneira de atuar.
Quanto ao substituto de Bonamigo, a diretoria se mantém silenciosa, embora esteja prospectando o mercado em busca de um profissional que tenha currículo e experiência de Série B. Não será fácil achar alguém com esse perfil.
Messi: pela primeira vez, a liberdade de escolha
A notícia há muito esperada finalmente chegou: Lionel Messi não é mais oficialmente jogador do Barcelona. O craque argentino está livre no mercado. Depois de toda uma carreira construída no clube, ele conquistou o direito de escolher para onde ir. Há quem avalie que ele pode até mesmo continuar onde está. É claro que as condições de um novo contrato, que teria dois anos de contrato, mudam por completo.
Os esforços da gestão de Joan Laporta são todos por uma renovação. Afinal de contas, ninguém quer passar para a história como o sujeito que deixou escapar o melhor jogador do planeta. O problema é que em LaLiga as normas são inflexíveis quanto ao limite do teto salarial dos clubes.
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