A eliminação do PSC, após sofrer a quarta derrota em cinco jogos no quadrangular da Série C, começa a motivar reflexões, críticas e contabilização dos prejuízos decorrentes disso. Como os velhos rivais sempre andam de braços dados, o infortúnio bicolor veio se juntar à decepção protagonizada pelo Remo, que nem se classificou para a etapa de definição das vagas de acesso.
A primeira vítima do duplo fracasso foi a programação de reinauguração do estádio Jornalista Edgar Proença (Mangueirão), que deveria acontecer em outubro ou novembro com um grande jogo pela Série C. A ideia era fazer a festa no jogo entre PSC x Vitória, fechando o quadrangular.
O jogo continua marcado e vai acontecer no próximo sábado, mas inteiramente esvaziado pelo insucesso do PSC na disputa, o que inviabiliza a agenda festiva para celebrar a revitalização do estádio.
O contratempo quanto à festa do Mangueirão é um detalhe até menor diante da gravidade da situação. Há, de maneira geral, consenso quanto à necessidade de urgentes mudanças radicais nas gestões de futebol dos principais clubes do Estado. Mesmo o torcedor mais tolerante já admite que a dupla Re-Pa precisa de um choque de realidade, que passa principalmente por investimentos em profissionalização das cúpulas dirigentes.
Como as contratações se constituem no calcanhar de Aquiles dos times nas últimas disputas na Série C, todos os olhares se dirigem à busca de uma atitude realmente drástica para qualificar as diretorias de futebol. Ninguém aguenta mais acompanhar as aquisições a rodo (e caras) que anualmente são anunciadas pelas duas agremiações.
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Em média, PSC e Remo contratam a absurda quantidade de 35 jogadores por temporada. Ao mesmo tempo, são incapazes de manter uma base de atletas, a fim de garantir entrosamento nas competições futuras e evitar o desembolso exagerado a cada nova ida às compras.
O pior disso tudo é que as legiões de reforços exibem sempre um baixo número de jogadores aprovados. Ao final das participações nos torneios, a contabilidade aponta para no máximo cinco atletas que se mostram à altura do investimento feito. Um percentual muito baixo, que confirma os critérios erráticos empregados pelos clubes.
Tudo se agrava ainda mais quando há mudança de treinador ao longo de um campeonato. Como ocorreu com o Remo no ano passado na Série B, trocando duas vezes de comando (começou com Paulo Bonamigo, que foi substituído por Felipe Conceição e este por Eduardo Batista).
Por baixo, calcula-se que o Remo perdeu cerca de R$ 12 milhões com o rebaixamento da Série B no ano passado. Cada ano perdido na Série C implica em perdas da mesma escala, o que vale também para o PSC. Ambos deixam de faturar pelo menos R$ 24 milhões por temporada.
Muitas coisas precisam ser ajustadas e corrigidas. O Remo já iniciou esse trabalho com a criação de grupos internos para planejar as próximas temporadas. O PSC deve começar essa discussão na semana que vem, depois de cumprir seu jogo final no Brasileiro.
Não há mais tempo a perder.
Jejum de artilheiro contribuiu para o fracasso bicolor
Marlon era o artilheiro do PSC no auge da campanha na etapa classificatória. Foi o atacante que mais variou repertório na hora de definir jogadas. Sua qualidade chamou atenção dos adversários. Passou a ser mais vigiado, recebendo marcação dobrada. Isso ajuda a explicar, em parte, a queda de rendimento no quadrangular.
Acontece que em alguns jogos, como nas derrotas para o ABC (na Curuzu e no Frasqueirão), o atacante simplesmente sumiu em campo, confirmando uma característica que lhe rendeu muitas críticas em 2021, quando teve participação apagada no Brasileiro. À época, ganhou a fama de jogador que se escondia em determinados momentos de um jogo.
Neste ano, o começo auspicioso deixou no ar a expectativa de que Marlon iria se consolidar como um dos melhores do elenco. Ficou no quase. Os 10 gols marcados alavancaram a classificação e lhe garantem um lugar especial na história da competição – ainda é o vice-artilheiro, com um gol a menos que Alex Henrique (Aparecidense).
Junto ao torcedor, porém, fica a sensação de uma jornada incompleta. O jejum no quadrangular teve peso considerável na trajetória decepcionante do PSC. O time só conseguiu marcar dois gols em cinco partidas – José Aldo e Danrlei, ambos contra o Figueirense.
Para um elenco considerado deficiente quanto a jogadores de ataque, com a utilização de apenas quatro (Robinho, Marlon, Danrlei e Pipico) de maneira mais frequente, o papel de um bom definidor era fundamental para manter a boa média de gols da fase inicial.
Detalhes do gol de Amoroso no Re-Pa decisivo de 68
O amigo Ronaldo Passarinho, um dos colaboradores mais assíduos da coluna, encaminha dois reparos em relação ao texto da coluna de domingo, “Amoroso e a era de ouro”. O primeiro é sobre o placar do Re-Pa decisivo do Campeonato Paraense de 1968, na Curuzu. O Remo jogava pelo empate e o PSC vencia por 2 a 1. O goleador marcou o gol que empatou a partida e deu o título ao Leão.
A segunda errata: “O Amoroso não driblou o Abel. Omar, goleiro do Papão, para retardar o jogo, tocou a bola para Abel; ao ser devolvida, parou nos pés do Amoroso. Abel e Omar não esperavam a reação do artilheiro. O gol do título foi de pé esquerdo, que não era o forte do Pé de Coelho (apelido que a torcida remista botou em Amoroso)”, explica, generosamente, Ronaldo.
Amoroso, que morreu na sexta-feira (16) aos 84 anos (faria 85 no dia seguinte), merece todas as homenagens por parte do Remo, muito além do protocolar minuto de silêncio na primeira partida oficial de 2023.
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