Depois de atrasos causados por imbróglios judiciais, o Campeonato Paraense chega ao fim na noite de hoje com a decisão entre Remo e Águia. O retardamento da competição foi tão acentuado que neste momento só o Amapá ainda não escolheu campeão, sendo que o vizinho Estado é tradicionalmente o último a encerrar o seu campeonato.
Remo e Águia têm a responsabilidade de fechar o Parazão 2023 em alto nível, dentro do espírito de civilidade que está embutido no próprio lema da competição – o Campeonato da Inclusão. Nos últimos dias, movimentos de bastidores fizeram a final descambar perigosamente para o ridículo e deram ao confronto um inevitável jeitão de catimba.
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O Águia chegou ao absurdo de encaminhar pedido ao STJD pedindo a mudança do local do jogo, sob a alegação de falta de segurança no estádio Evandro Almeida. A solicitação nem chegou a ser levada em conta pelo tribunal, tamanho o disparate da coisa.
Mando de campo é direito adquirido, previsto em regulamento. O Águia mandou seu jogo no estádio Zinho Oliveira, em Marabá, conhecido pelos problemas de estrutura e segurança. O Remo, por óbvio, decidiu disputar a final em seu estádio, o que é inteiramente legítimo.
Já o Azulão reclamou do preço do ingresso para visitantes (setor de cadeiras), fixado em R$ 150,00. Entendeu que isso é uma forma de afastar a torcida marabaense. Não é ilegal, pois não existe obrigatoriedade de disponibilizar arquibancada para visitantes, mas a decisão acirrou ainda mais os ânimos.
A final de hoje tem todos os ingredientes de emoção e nervosismo que cercam partidas decisivas. O Remo, que já foi eliminado da Copa Verde, encara a conquista do bicampeonato estadual como obrigação perante seu torcedor. O problema é que o time caiu muito de rendimento desde a semifinal, contra o Cametá.
Desde a goleada que garantiu a condição de finalista, o time tornou-se um amontoado, sem a organização que apresentava na fase de classificação do Parazão. O trabalho de Marcelo Cabo, tão elogiado no início do campeonato, passou a ser execrado, resultando na troca de comando.
Já o Águia, dono da terceira melhor campanha, chega à decisão com muito mais consistência, o que é um caminho natural para a confiança. O time está emocionalmente bem preparado, acertando nas tomadas de decisão em campo e ainda mais motivado após derrotar o Remo no jogo de ida.
O palco da final, alvo de marchas e contramarchas, pode representar um papel importante. No caldeirão azulino, 14 mil pessoas estarão no estádio apoiando o Remo do início ao fim. O consolo, para o Águia, é que a massa torcedora pode mudar de humor caso a atuação remista não convença.
Azulão corre atrás do primeiro título estadual
O Águia já esteve perto de ganhar o Parazão. Decidiu o título em 2008 e 2010, contra Remo e PSC, respectivamente. Perdeu nas duas ocasiões, alinhando times até superiores ao atual. A diferença é que, nesta temporada, o Azulão demonstra mais confiança em suas próprias forças.
A surpreendente eliminação do PSC dentro do Mangueirão na semifinal deu ao time de Mathaus Sodré a solidez emocional que faltava. A partir daí, o Águia passou a ter consciência de que vencer o campeonato não é um sonho impossível.
Na abertura da decisão, em casa, o time respondeu positivamente, derrotando o Remo por 1 a 0 em partida dura e equilibrada. Ao mesmo tempo, na Série D, o time vem empreendendo uma campanha bem-sucedida, com vitórias e atuações convincentes.
Para encarar o Remo hoje, diante do Fenômeno Azul, no Baenão, a preocupação de Sodré é não permitir que o time ceda à previsível pressão do adversário e se encolha demais. Por essa razão, a escalação esboçada após o último treino é no 4-3-3 ofensivo que o Águia vem utilizando.
Há também a expectativa no papel do centroavante Luan Parede no jogo aéreo, reconhecidamente uma fragilidade do setor defensivo azulino. Acima de tudo, prevalece a consciência de que será preciso jogar e buscar a vitória, mesmo tendo a vantagem do empate.
Catalá é anunciado e Cortez faz mudanças no time
O anúncio da contratação de Ricardo Catalá, 41 anos, técnico campeão brasileiro da Série C 2022 com o Mirassol, pegou quase todo mundo de surpresa ontem à noite. Nome respeitado, o treinador paulista não era mencionado nas especulações sobre o substituto de Marcelo Cabo.
O Remo passou os últimos dias tentando contratar Hélio dos Anjos, que era o preferido pelo perfil enérgico e disciplinador. Como as negociações não avançaram, surgiram outros nomes: Gilson Kleina, Gilmar Dal Pozzo e Marchiori. Catalá foi escolhido pelo conhecimento que tem da competição.
Um desafio para o jovem técnico será a adaptação ao clima que terá no Remo. Ao contrário de Mirassol e Red Bull, times que dirigiu e que não contam com a pressão de grandes torcidas, o Leão tem uma torcida imensa e apaixonada. Conduzir um trabalho em ambiente assim não é tarefa fácil.
Para enfrentar o Águia, o interino Fábio Cortez optou por um time diferente do que vinha atuando sob o comando de Cabo. Efetivou Lucas Marques na lateral direita e fez uma mudança importante no meio-campo. Sem contar com Richard Franco, lesionado, vai utilizar Soares como meia avançado, enquanto Pablo Roberto une-se a Uchoa na marcação.
O ataque será mantido com Jean Silva, Muriqui e Pedro Vitor. Mais do que nomes, o que o Remo precisa mostrar é uma mudança de atitude. Para reverter a vantagem do Águia, a parcimônia terá que ser substituída por velocidade e entrega.
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