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Florestas plantadas: negócio ecológico e lucrativo

Como as empresas investem no mercado de floresta plantada, de olho no mercado nacional e internacional, além da preservação do ambiente nativo

Imagem ilustrativa da notícia Florestas plantadas: negócio ecológico e lucrativo camera Gustavo Silveira aposta no mercado sustentável de madeira plantada. | Divulgação

Nos limites da floresta da cidade de Santa Maria do Pará, meticulosamente alinhadas, as árvores da espécie teca (original da Índia e que se adaptou ao Pará) crescem de forma poderosa. A imponência dos vegetais faz-se notar a quilômetros de distância. Dali, elas sairão com destino a vários países do mundo. O fundador e presidente da 3P Florestal, Gustavo Silveira, vislumbra bons ventos para o negócio. O mercado deste setor é considerado pelos especialistas como um dos mais promissores da economia paraense.

São cada vez mais as empresas, principalmente internacionais, que procuram o Pará como fonte de madeira legal. Nos últimos 25 anos, o Estado assiste a um período de transição da exploração de madeiras nativas, para os investimentos nas chamadas florestas plantadas. O desenvolvimento dos mecanismos de regulamentação e fiscalização ambientais, assim como o surgimento de um perfil de consumidor mais preocupado com a origem do produto que compra, impulsionaram o mercado. E o Pará ganhou com isso. Com mais de 30% de seu território antropizado e uma condição climática privilegiada mundialmente, o Estado está reduzindo a pressão sobre a exploração de sua floresta nativa, ao mesmo tempo em que aumenta os investimentos no setor.

“Há 20 anos, a produção paraense era quase que exclusivamente de madeiras nativas. Nestas duas décadas, com a criação de legislações para o setor, assistimos um crescimento exponencial dessas áreas de florestas plantadas em vários municípios. Isso diminuiu muito a exploração ilegal da nossa floresta. Muitos produtos que antes eram produzidos com essa madeira foram substituídos por de florestas plantadas”, diz Gustavo Silveira.

Atualmente as empresas paraenses se organizam para atender ao grande fluxo de demandas. O crescimento do setor nos últimos anos mostra a importância das florestas plantadas não apenas para a economia do Estado, mas para a redução de danos à floresta amazônica. Se antes a extração de madeira era sinônimo de destruição, atualmente é considerada por especialistas do agronegócio como a solução para a proteção das espécies nativas. Os números comprovam isso. O crescimento de iniciativas como as da 3P Florestal diminuiu drasticamente a destruição da floresta para a exploração de madeira. A extração de espécies nativas representa hoje apenas 20% do que era há 25 anos atrás, segundo dados do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) de 2019. A tendência é que continue a diminuir.

Neste mesmo período de tempo, a extração de madeira oriunda de florestas plantadas mais que dobrou no país, alcançando 247 milhões de metros cúbicos apenas em 2019. Segundo o SFB, atualmente cerca de 86% da madeira consumida no Brasil vem de florestas plantadas. O setor representou 1,2% do PIB nacional em 2019, o que significa R$ 97,4 bilhões injetados na economia brasileira, um crescimento surpreende de 12,6% em relação ao ano anterior. Quando se fala de Pará, o número é ainda mais animador.

“O Pará cresceu muito, mas pode ir muito além. A Federação de Agricultura do Estado do Pará (FAEPA), junto com o Governo do Estado, tem um projeto para destinarmos mais de 4.250.000 de hectares, dos 35% reservados por lei para a atividade econômica, para o setor de reflorestamento. Isso certamente vai nos tornar líderes nacionais em breve. Ninguém tem o que o Pará tem nesse setor. Para comparar, o Amazonas, que é o maior estado brasileiro, possui apenas 2% de seu território antropizado, nós temos mais de 30%, além da mão de obra disponível, pois o setor está gerando milhares de empregos”, diz Carlos Xavier, presidente da FAEPA.

AS VANTAGENS DO PARÁ

O Pará possui atualmente 211 mil hectares de floresta plantada, a maior parte de eucalipto. A produção é destinada principalmente para os setores de celulose e papel. Para as empresas ligadas à cadeia produtiva, o Estado tem potencial para ir muito mais além. O Pará possui a segunda maior extensão territorial entre os estados brasileiros – ficando atrás apenas do Amazonas - e uma condição climática privilegiada para as espécies utilizadas. A disponibilidade de terras, a legislação avançada e o clima atraem os investidores estrangeiros. Na 3P Florestal, assim como em outras empresas do setor, há filas de clientes interessados em fazer negócios duradouros com o Pará.

Para se ter uma ideia, as exportações de produtos de base de reflorestamento somaram, em 2019, US$ 11,3 bilhões, o equivalente a 4,3% das exportações brasileiras. Este é o segundo melhor resultado na balança comercial dos últimos 10 anos. Provavelmente você tenha em sua casa um dos mais de 5 mil produtos e subprodutos feitos a partir das florestas plantadas. Essa matéria prima é indispensável na produção não apenas de papel, mas de painéis, pisos laminados, móveis, carvão vegetal, além de biomassa utilizada para fins energéticos, outra demanda que vem crescendo consideravelmente nos últimos anos.

Além das vantagens econômicas, conciliar o setor de florestas plantadas com outras atividades é uma realidade cada vez mais próxima. Já existem alguns projetos no Estado em que o reflorestamento atua como atividade complementar à agricultura e pecuária (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta). Além de reduzir o desmatamento de florestas nativas, os projetos recuperam áreas degradadas, conservando o solo, protegendo recursos hídricos e absorvendo CO2. Na pecuária, por exemplo, já há uma grande pressão para que os grandes produtores passem a criar os gados em áreas mistas de pasto e floresta. A Embrapa Oriental tem projetos em curso que orientam os produtores a adotarem tais práticas, assim como fazem outros Estados.

“Com toda certeza vamos ser o Estado com mais área de floresta plantada do Brasil com esses avanços na legislação e os projetos em curso. Vamos ter mais de 4 milhões de hectares plantados. Isso demora um pouco, obviamente, mas quando acontecer, seremos o primeiro. Estamos fazendo esse trabalho em consultoria com várias empresas no sentido de ampliar nossa floresta plantada, sobretudo, de eucalipto. Nós estamos trazendo investimento para cá. Empresas que antes estavam em Portugal ou Espanha, brevemente estarão vindo para cá, devido aos vários benefícios”, diz Xavier.

Gustavo Silveira foi nomeado recentemente como como membro do conselho do fundo de investimentos sueco Eternali, uma iniciativa europeia inovadora, que reúne especialistas mundialmente conhecidos pela vasta experiência no setor. Como membro do conselho, o empresário terá como principal função direcionar grandes empresas a investirem no Estado. O plantio de árvores como o Eucalipto e a Teca, principalmente em área degradadas, é uma tendência mundial e o Brasil tem acompanhado o ritmo.

“Para nossa empresa, representa muito participar de um conselho de um fundo de investimentos com sede em um país que tem uma tradição florestal muito vasta. A Escandinávia, os países nórdicos de um modo geral, são grandes produtores florestais, principalmente de celulose. Estes países já investem no Brasil, no Rio Grande do Sul principalmente, há muitos anos. Então participar de uma empresa que traz consigo essa bagagem vai agregar muito a nossa empresa e aos nossos conhecimentos, assim como nós vamos agregar muito a eles, porque eles pretendem investir no Pará, aumentar as áreas florestais e nós vamos poder direcioná-los e auxiliá-los nesses investimentos que serão feitos”, diz Gustavo.

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