O uso da cloroquina ainda exige pesquisa científica para o uso seguro e com eficácia comprovada, mas está sendo fortemente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como tratamento para a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

Mandetta afirma que foi pressionado a editar decreto para cloroquina

O medicamento, usado no tratamento de malária, por exemplo, mais uma vez colocou o chefe do Palácio do Planalto em um lado antagônico do entendimento médico-científico.

Nos últimas dias surgiu uma polêmica envolvendo os médicos David Uip, Chefe do Centro de Contingência contra a doença em São Paulo, Roberto Kalil Filho, diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês.

No episódio, Bolsonaro e integrantes do governo questionaram se Uip teria sido tratado com o medicamento. Ele não respondeu. Já Kalil Filho admitiu ter usado a droga como parte do tratamento.

Nesta quarta-feira (8), Bolsonaro defendeu no Twitter que “cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz”.

Porém, o uso da cloroquina — sozinha ou associada a outra droga — no tratamento da Covid-19 ainda exige pesquisa científica para comprovar a sua eficácia.

A conclusão é do médico Luciano César Azevedo, superintendente de ensino do Hospital Sírio-Libanês.

“A cloroquina ainda não tem sua eficácia estabelecida dentro de um protocolo de pesquisa que seja bem realizado e bem desenhado especificamente para a Covid-19. Qualquer uso para tratar esses pacientes não encontra o respaldo devidamente seguro na literatura médica”, garante.

O Sírio-Libanês é um dos hospitais brasileiros que estão na corrida pela comprovação científica da eficácia do remédio. “Enquanto as pesquisas não estão prontas (o que levará de 2 a 3 meses), a cloroquina só deve ser usada com prescrição médica”, salienta.

O uso da cloroquina ganhou repercussão após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar, no mês passado, que o país está realizando testes com a droga.

A eficácia e o uso do medicamento é um dos pontos que separam Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O chefe da pasta acredita que o uso deve ser controlado e que é necessário aguardar respostas robustas da ciência para ampliar o uso.

Foto: divulgação

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