Uma mulher negra, de 31 anos, que trabalhava como auxiliar de cozinha em supermercado, foi demitida após denunciar racismo e intolerância religiosa no local. O caso aconteceu no bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, e foi divulgado pelo portal UOL.

De acordo com a vítima, ela começou a trabalhar no local no dia 6 de março e, desde então, passou a ser vítima de preconceito por parte de um colega. Ela trabalhava no preparo de alimentos para os funcionários e colaboradores do hipermercado

A mulher relatou que as queixas foram levadas à responsável pela cozinha e pelos canais de atendimento interno do estabelecimento, mas nenhuma providência foi tomada.

“Eu chegava, ele virava o balde e começava a batucar como se fosse atabaque, em referência ao candomblé. Um dia, os colegas estavam conversando sobre a doação de um gato, ele disse que o gato só serviria se fosse branco, preto não poderia adotar. Ele chegou a dizer que desde o dia que eu entrei lá [na cozinha], ele já não gostava de mim”, contou ao UOL.

A vítima contou, ainda, que o funcionário nunca foi punido, apesar das queixas frequentes dela. Ela, por sua vez, foi avaliada de forma negativa pela supervisora, que a considerou uma pessoa "influenciável”.

A mulher negra contou que a situação extrapolou o limite no dia de sua demissão, em 28 de junho. Ela disse que, chegar deixar o RH e retornar à cozinha, encontrou um recado escrito no avental: "só para branco usar". Ela disse que a supervisora "tinha que ter levado o avental e encaminhado ele direto para o RH, mas ela não fez nada. Ela apenas riscou a frase, fez vista grossa esse tempo todo", lamentou a vítima.

Ao UOL, o Ministério Público do Trabalho confirmou as denúncias e relatou que o suspeito de racismo apresentava problemas também com outros funcionários. A procuradora do trabalho Fernanda Diniz, disse, ainda, que o hipermercado foi omisso e permitiu que o empregado adotasse tal postura racista e de intolerância religiosa. Ela também detalhou que, após o MPT intervir no caso, o empregado acusado de racismo e intolerância religiosa só foi desligado do  estabelecimento.

A procuradora afirmou que propôs à empresa que recontratasse a vítima, mas o pedido foi negado. 

NOTA

Em nota, o Atacadão informa que atua a partir de políticas sérias de diversidade e repudia veementemente qualquer tipo de discriminação. Não toleramos nenhum tipo de preconceito e, imediatamente ao tomar conhecimento do caso, deligamos por justa causa o funcionário envolvido. Esclarecemos que a denúncia só foi registrada quando o contrato de experiência da colaboradora já havia sido encerrado e estamos atuando junto ao Ministério Público do Trabalho para colaborar com os esclarecimentos dos fatos. O Atacadão conta com um canal exclusivo para denúncias, que são tratadas com o máximo rigor como demandam questões de preconceito.

Foto: Arquivo pessoal

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