Os dois seguranças filmados espancando João Alberto Silveira Freitas, 40, no Carrefour, em Porto Alegre na última quinta-feira (19), usaram o direito constitucional ao silêncio após serem presos em flagrante. Beto, como era conhecido, morreu no local. A vítima foi sepultada neste sábado (21), em uma cerimônia com familiares e amigos.
Os seguranças Magno Braz Borges e Giovane Gaspar optaram por não dar depoimento à polícia após serem presos. Por este motivo, eles ainda não foram ouvidos pela Polícia Civil, que agora precisa de autorização da Justiça para interrogá-los.
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Segundo a delegada responsável pelo caso, Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Porto Alegre, o prazo inicial para a conclusão do inquérito é de dez dias, podendo ser prorrogado por mais 15 dias. Caso o inquérito seja concluído no prazo inicial, eles deverão ser ouvidos ainda nesta semana.
A Justiça converteu a prisão por flagrante em prisão preventiva na última sexta-feira (20).
"A ação dos flagrados extrapola ao que se pode conceituar como necessária para a contenção desta, pois passaram a praticar, contra ela, agressões quando já ao solo", afirmou o juiz Cristiano Vilhalba Flores.
"Meu cliente não tinha intenção de matar e é absurda a relação do caso com o racismo. Os familiares do meu cliente são negros. Ele não tinha intenção de matar, mas conter um sujeito desgovernado. Ele foi surpreendido com um soco, mas foi tentar contê-lo", disse à Folha David Leal, advogado de Giovane.
Nas imagens que circulam sobre o caso, Giovane é visto dando socos na cabeça de Beto. Ele é policial militar temporário e estava no seu primeiro dia de "bico" no Carrefour, como se chama o trabalho paralelo dos policiais. A prática é ilegal e costuma ser usada como forma de complementar a renda.
A reportagem não conseguiu contatar a defesa de Magno Braz Borges.
Laudo preliminar do Instituto Geral de Perícias (IGP) indica que asfixia pode ser a causa da morte. Segundo a delegada, a imobilização do homem no chão, com pressão nas costas, pode ocasionar asfixia.
Segundo a delegada, a Polícia Civil apura indícios para determinar se houve crime de racismo e outros crimes como falso testemunho e até omissão de socorro, no caso das pessoas que acompanharam a cena.
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