Em um ano tão atípico como 2020, por causa da pandemia, as finanças de muitos brasileiros ficaram comprometidas, sendo necessário recorrer a empréstimos para manter a organização das contas em dia. Atentos a isso, empresas de vendas de consórcios têm se mostrado no mercado como fornecedoras de empréstimos imediatos, induzindoo consumidor ao erro.

Segundo a advogada da Associação de Defesa dos Consumidores Vítimas de Juros Abusivos (Asdecon), Kenia Soares, os consórcios estão sendo vendidos como modalidade de crédito direto, sem consulta de restritivos e com facilidade de acesso, bastando apenas o pagamento de uma entrada de valor razoável e que será amortizada nas mensalidades, posteriormente.

“O consumidor vai com a intenção de obter o empréstimo no ato da contratação. Porém, quando vai assinar é apenas um contrato de consórcio puro e simples, que vai para sorteio, que depende do pagamento de várias parcelas para depois aquele valor ser sorteado, que está sujeito a análise de crédito e que nem sempre o lanceé aprovado”, esclarece.

Em decorrência da crise financeira, o número de pessoas que recorreram a empréstimos, mas que foram lesadas por estas empresas cresceu expressivamente, de acordo com a advogada. “Acredito que aumentou pelo menos de 150% a 200% do último ano para este. Os meses com maior índice foram novembro e dezembro, e janeiro deste ano. Atualmente, atendo de três a cinco pessoas por semana em razão deste golpe. E muitas, são pessoas esclarecidas, porém, eles têm um poder de persuasão tão forte que conseguem contornar qualquerquestionamento”.

Em alguns casos, ainda é possível reverter o prejuízo. Mas isso geralmente depende do tempo em que o consumidor leva para denunciar o crime. O passo inicial é procurar a Delegacia do Consumidor para registrar Boletim de Ocorrência e recorrer à Defensoria Pública ou buscar um advogado particular para tentar pleitear o ressarcimento. “Há situações em que temos conseguido notificar a empresa e mesmo após a sentença, o consumidor é ressarcido. Porém, algumas não existem mais e a pessoa fica no prejuízo. Por isso, é importante não perder tempo, pois elas se mantêm apenas por um tempo no mercado, aplicam os golpes, desaparecem e não temos como notificar”, alerta Kenia.

Antes de formalizar qualquer contrato de crédito é fundamental pesquisar sobre as empresas na internet ou no site do Tribunal de Justiça. E, no ato da contratação, sempre ler o documento e atentar para pedido de valores como entrada. “Em qualquer contrato não se deve solicitar entrada em valores e o consumidor deve ficar atento a expressões como lances, sorteios, assembleias, dentre outros. Isso faz parte do consórcio e inviabiliza o crédito imediato”,orienta a advogada.

Antes de formalizar qualquer contrato de crédito é fundamental pesquisar sobre as empresas Foto: Fernando Araújo

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