Preso na manhã desta quinta-feira (8) sob a suspeita de matar o enteado Henry Borel, de 4 anos, o vereador e, agora, ex-Solidariedade Jairo Souza Santos Junior (Dr. Jairinho) possui uma longa e consolidada carreira política da mesma maneira que coleciona notáveis envolvimentos com a corrupção e outros históricos de agressões.

Natural de Bangu, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, se inspirou no pai (um coronel da Polícia Militar e deputado estadual) ao se envolver na política. Os trabalhos de campanha foram feitos com sucesso, já que se tornou o vereador mais votado, em 2004, pelo Partido Social Cristão (PSC).

Máfia dos ônibus

E, assim como o pai - que foi preso e denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção, sob acusação de ter recebido, pelo menos, R$1,9 milhão de propina -, Dr. Jairinho teve sua passagem em caminhos igualmente duvidosos.

Foi alvo de investigação pela suspeita de ter recebido dinheiro de uma “caixinha da propina” da máfia dos ônibus na cidade. Seu nome foi citado por Lelis Teixeira, ex-dirigente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), um sindicato da categoria, em delação premiada. O esquema em questão rendeu prejuízos de R$120 milhões e impactou no aumento do valor da passagem no Estado.

Dr. Jairinho: um histórico de agressões e corrupção
📷 |Reprodução/Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Conselho de Ética

Ironicamente, três dias após a morte do enteado, no dia 11 de março, Jairinho assumiu uma vaga no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Antes de conquistar o cargo - que já perdeu após o Conselho aprovar seu afastamento no final da tarde de hoje (8) -, o “Doutor” que nunca exerceu a medicina, segundo o que relatou aos policiais em depoimento, teria também protagonizado episódios de denúncias a outros parlamentares.

Brigas e agressões

Jairinho, que já foi elogiado por sua “devoção cristã” - palavras de Marcelo Crivella durante campanha eleitoral em 2020 -, chegou a ser denunciado pelos antigos vizinhos por violência contra a ex-mulher, que sofria “violências, humilhações, insultos e ofensas” em 2019.

Dr. Jairinho foi preso hoje suspeito de participar da cruel morte do menino Henry, mas é sempre bom lembrar que ele era líder do governo Marcelo Crivella na Câmara e recentemente foi elogiado dessa forma pelo bisprefeito em uma live. O perfil cidadão de bem nunca falha. pic.twitter.com/NWGoPMlS9z

— MIDCast | Podcast de Política (@podcastmid) April 8, 2021

Cinco anos antes, a ex-companheira relatava em uma delegacia no Rio o comportamento do vereador: “sempre foi violento”. As agressões eram sofridas também pela filha da vítima, que na época tinha 4 anos.

Hoje, o inquérito da Polícia Civil aponta que Henry Borel não apenas sofria com uma rotina de violência, como a própria mãe do menino e atual companheira do vereador sabia o que acontecia.

Prisão

Dr. Jairinho deu entrada, nesta quinta-feira (8), no presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó (Bangu VIII). Ele cumprirá um isolamento social inicial de 14 dias, procedimento adotado em virtude da pandemia da Covid-19. Além da expulsão do partido e da possível cassação de seu registro profissional, o vereador teve o salário suspenso e ficará formalmente afastado a partir do 31º dia de afastamento, seguindo o Regimento Interno da Casa.

Jairo Souza Santos Junior sendo escoltado após sair da delegacia na tarde de hoje (8), no Rio de Janeiro Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

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