A conversa divulgada pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) em que Jair Bolsonaro pede a ele que investigue também governadores e prefeitos na CPI da Covid do Senado está sendo interpretada no STF (Supremo Tribunal Federal) como um teatro armado pelos dois para constranger ministros da Corte.

Magistrados ouvidos pela coluna dizem acreditar que a conversa não teria sido espontânea, mas sim combinada previamente. No diálogo, publicado no domingo (11), o presidente pede que Kajuru amplie o objeto de investigação da CPI -e pressione também pelo impeachment de ministros do tribunal.

Os magistrados devem discutir nesta semana a liminar dada na quinta (8) pelo ministro Luís Roberto Barroso em que ele determina a instalação da CPI para investigar a gestão do governo federal na epidemia. A tendência é que a decisão seja mantida, mas os ministros articulam um meio termo: a CPI só começaria a funcionar depois que o Senado voltasse a se reunir presencialmente. 

Os ataques de Bolsonaro aos ministros causam turbulência justamente no momento em que o tribunal pode evoluir para um entendimento que, em tese, pode beneficiá-lo, protelando a instalação da comissão. As conversas no Supremo se intensificaram no fim de semana, mas ainda não há uma conclusão definitiva sobre o assunto. 

No diálogo divulgado por Kajuru, Bolsonaro incentiva o senador a pressionar o Supremo para determinar a tramitação de um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes que já foi apresentado ao Parlamento. Desta forma, o tema da CPI da Covid, hoje um "limão", segundo Bolsonaro, viraria uma "limonada". 

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