O esforço que tem sido feito para descarrilar o principal motor de um país, a educação, parece ter encontrado o cenário perfeito no Brasil. Os cortes do governo federal devem deixar marcas principalmente no ensino superior.
Quase metade das universidades federais do Brasil não terão dinheiro suficiente para manter as atividades até o fim do ano: 30 das 69 instituições de ensino superior alertam que, mesmo que o orçamento atual seja desbloqueado, não conseguirão chegar ao fim do período letivo, entre elas, estão UFRJ, UFF, UFMA, UFBA, UFPE, UFABC e UFES.
As universidades, que reúnem mais de 500 mil dos 1,3 milhão de estudantes no país, avisam que, com a falta de verbas, prédios poderão ser fechados, atividades essenciais, como pesquisas que continuam mesmo na pandemia, pararão de ser realizadas. Em algumas, até as aulas remotas podem parar.
Neste ano, a rede federal de educação superior possui R$ 4,3 bilhões para gastos discricionários. Desses, R$ 789 milhões (17%) ainda estão indisponíveis aguardando liberação do Ministério da Educação (MEC). Para resolver o problema, elas defendem que o orçamento suba para pelo menos o nível de 2020, de R$ 5,6 bilhões. Para se ter uma ideia, a verba já chegou a ser de R$ 12 bilhões em 2011.
A Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), por exemplo, afirma que consegue manter as atividades até setembro, uma vez que o corte representa três meses de despesas.
Já a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), reduziu 869 bolsas de pesquisa e diminuiu o valor das que pagam a assistência estudantil. Além disso, 307 funcionários terceirizados foram demitidos. Mesmo assim não vai dar. Com os cortes, o déficit da instituição subiu para R$ 13 milhões "tornando o funcionamento de parte das atividades no 2º semestre muito complicado", segundo a reitoria.
Algumas instituições, como na UniRio, tiveram todo orçamento para investimentos cortado. Isso significa que não é possível, por exemplo, reformar alguns prédios históricos da instituição, como o Centro de Letras e Artes e o Centro de Ciências Jurídicas e Políticas, que chegam a ter partes interditadas por má conservação.
"O orçamento discricionário da Unirio há muito já está abaixo do limite mínimo de suas despesas correntes e, diante da atual conjuntura imposta, inviabiliza o cumprimento de demandas, tais como o combate a incêndio e pânico, a acessibilidade, a eficiência energética, a tecnologia da informação e comunicação, as obras paralisadas (em especial a conclusão do prédio do Centro de Ciências Humanas e Sociais), a aquisição de mobiliários e equipamentos, a aquisição de livros e material didático e a aquisição de equipamentos para laboratórios", afirmou a universidade.
Em nota, o MEC afirmou que a pasta "não tem medido esforços nas tentativas de recomposição e/ou mitigação das reduções orçamentárias" das instituições.
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