Ao contrário do que muitos acreditam, a pandemia da covid-19 no Brasil ainda não está sob controle, muito pelo contrário. A transmissão comunitária do vírus permanece em níveis "extremamente altos" em quase todo o país, segundo um mapa inédito feito por pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Baseado em dados do SIVEP-Gripe, Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe do Ministério da Saúde, e estimativas corrigidas, os cientistas constataram uma intensa evolução do número de hospitalizações por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por data dos primeiros sintomas.

A equipe observou que na semana iniciada em 7 de junho, a transmissão comunitária do vírus esteve sempre "extremamente alta" em todas as Unidades da Federação, com exceção de Roraima e Espírito Santo, consideradas "muito alta".


Para a revista Época, Leonardo Bastos, estatístico e pesquisador em Saúde Pública do PROCC (Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz), afirmou que isso significa que os 24 Estados e o Distrito Federal têm uma taxa superior à de 10 hospitalização por cada 100 mil habitantes, "valor referência de algo extremamente alto", diz ele em sua conta oficial no Twitter.

"Muitos estão bem acima, e já estiveram pior", acrescenta.

Chama-se "transmissão comunitária" a ocorrência de casos onde não se tenha informações sobre a origem da infecção, indicando que o vírus circula entre as pessoas, independente de terem viajado ou não para o exterior. O caso do Brasil.

Bastos ressalva que, embora hospitalizações não sejam necessariamente casos confirmados, "podemos assumir que o número de casos é proporcional ao número de hospitalizações".

Além disso, acrescenta ele, apesar de nem todas as notificações de SRAG serem associadas à covid, desde março de 2020, "a grande maioria das hospitalizações por SRAG são covid, sim".

Transmissão do vírus continua alta, por isso medidas de proteção ainda são necessárias Foto: Ricardo Amanajás//Diário do Pará

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