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Alerta: 2022 pode ser o último ano do jumento no Brasil

O simpático equino, que já foi chamado de "nosso irmão" pelo cantor e compositor Luiz Gonzaga, está desaparecendo. Quem chama atenção para o fenômeno é a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.

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Imagem ilustrativa da notícia Alerta: 2022 pode ser o último ano do jumento no Brasil camera Os jumentos se tornaram parte da história do povo brasileiro, principalmente o nordestino | Reprodução

Símbolo de força e trabalho, personagem de piadas, presença no imaginário popular rural brasileiro e ilustre figurante na história de Jesus Cristo, o jumento está entrando em extinção. A espécie corre o risco de não existir mais, caso ninguém faça nada.

Quem fez o alerta foi a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP), junto ao Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia. Segundo as estimativas, os animais podem desaparecer do mapa até meados de 2022.

Apenas no estado baiano, cerca de 5,4 mil jumentos foram abatidos apenas no mês de abril deste ano, segundo levantamento do Ministério da Agricultura. Dados do governo comprovam que de 1995 a 2017, caiu o número de jumentos na Bahia – caiu de 300 mil para 93 mil, redução de quase 70%. Estado reúne, sozinho, 90% da população do animal.

O motivo é o abate para a venda da pele do jumento. Os principais países que importam o produto são Portugal, Espanha, China e Itália. Também é um dos principais compostos na produção do ejiao, gelatina para tratar problemas como insônia, tosse seca e coagulação sanguínea, usada na medicina tradicional chinesa.

“O jumento está no Brasil desde o tempo do descobrimento e foi se reproduzindo, desenvolvendo espécies que só existem aqui e que vão acabar. Pelos números apresentados nos levantamentos do próprio Ministério da Agricultura, a partir do ano que vem, não teremos mais jumentos na Bahia e nem no Nordeste inteiro”, diz a médica veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, VâniaNunes, em entrevista ao “Correio 24h”.

A razão da cobiçado pelo jurmento como produto e seus derivados é o baixo preço cobrado pela venda do bicho. E, como esses animais possuem uma taxa de reprodução baixa, impede que haja um equilíbrio entre os abates e nascimentos.

Organizações de proteção aos animais se manifestaram e o abate de jumentos foi proibido em 2018. Porém, em 2019, a prática voltou a ser legalizada com uma regulamentação bem intencionada, mas que, na prática, não funciona.

“Sabemos que existem interesses econômicos que beneficiam alguns segmentos e fazem essa prática continuar permitida, apesar dos alertas que já foram feitos. Essa prática está acabando com os jumentos. A gente não pode admitir uma situação como essa. Estamos vendo uma verdadeira chacina de uma espécie fundamental”, completa Vânia.

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