Um vídeo inédito obtido pelo UOL mostra o ex-vereador Jairinho (sem partido) com o corpo de Henry Borel tentando reanimá-lo no elevador do prédio onde a família morava, na zona oeste do Rio de Janeiro. Para a defesa do político, o registro contradiz a versão da polícia de omissão no socorro ao menino, morto em 8 de março, e reforça a tese de morte por acidente doméstico.
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Já o promotor de Justiça Fábio Vieira defendeu a consistência das informações do laudo pericial e descartou a hipótese da defesa. No entendimento dele, o conjunto de provas é suficiente para incriminar Jairinho e Monique Medeiros, padrasto e mãe da criança de 4 anos, que respondem pelo crime de homicídio triplamente qualificado.
Nas imagens, registradas na madrugada de 8 de março, Jairinho aparece entrando no elevador seguido por Monique com a criança desacordada no colo. O padrasto então tenta reanimar Henry, sem sucesso. A mãe olha para Jairinho e parece falar algo. A imagem mostra o casal deixando o elevador com a criança.
O vídeo será anexado a um documento paralelo elaborado pela defesa de Jairinho, que sustenta a tese de acidente doméstico e contesta a versão de que o menino tenha sido assassinado.
"A mãe aparece absolutamente angustiada nas imagens. Nesse meio tempo, o Jairinho tenta fazer a respiração boca a boca. É a evidência que [Jairinho] não estava inerte", afirma o legista e perito criminal Sami El Jundi, contratado pela defesa do ex-vereador para elaborar um relatório paralelo do caso.
"O vídeo comprova que não houve omissão de socorro. O Henry não foi assassinado e dois inocentes estão presos. Estamos diante do maior erro judiciário da atualidade", contesta a advogada Flávia Fróes, responsável por um trabalho de investigação defensiva que alega inocência de Jairinho.
"Eles têm direito à ampla defesa e vão querer explorar todas as possibilidades. Mas temos o laudo que comprova que o menino foi espancado, temos o histórico do réu de agressões contra crianças. Não é só o laudo pericial. Há um conjunto de provas que incriminam Jairinho e Monique", contesta o promotor Fábio Vieira, que atua no caso.
Procurada, a Polícia Civil informou que o vídeo foi analisado pela perícia e descartou a versão da defesa de tentativa de socorro na ação de Jairinho.
A dúvida sobre a versão de acidente doméstico contada por padrasto e mãe da criança no Hospital Barra D'Or deu início a um trabalho desenvolvido por peritos que envolveu exame do corpo da criança no IML (Instituto Médico Legal), captura de vídeos, reprodução simulada no local do crime e extração de dados de 14 celulares com o auxílio de uma ferramenta israelense adquirida por cerca de R$ 5 milhões pelo governo estadual.
Peritos legistas e criminais descartaram a tese de acidente doméstico e concluíram que houve uma ação violenta que durou até três horas.
Com 23 lesões espalhadas pelo corpo condizentes com aquelas produzidas mediante ação violenta (veja abaixo ilustração da perícia), o menino morreu em decorrência de "hemorragia interna e laceração hepática causada por ação contundente", apontou o laudo da Polícia Civil.
Ainda segundo o laudo, Henry não apresentava sinais vitais no elevador. Em depoimento, três pediatras informaram que a criança chegou sem vida ao hospital.
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