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VACINA PARA CRIANÇAS

Anvisa entra em clima de guerra com Bolsonaro após ameaças

A Anvisa autorizou a vacinação de crianças a partir de 5 anos com o imunizante da Pfizer

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Imagem ilustrativa da notícia Anvisa entra em clima de guerra com Bolsonaro após ameaças camera O presidente Jair Bolsonaro ameaçou expor o nome de quem aprovou a vacinação contra Covid-19 para crianças | Reprodução

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou nesta quinta-feira (16) o uso da vacina da Pfizer para imunizar crianças a partir de 5 anos contra a Covid-19. Com isso, a bula do produto no Brasil passará a indicar essa nova faixa etária.

Até então, o modelo da fabricante tinha o uso permitido no país apenas em pessoas com mais de 12 anos.

Anvisa autoriza Pfizer para crianças a partir de 5 anos

Em resposta à promessa do presidente Jair Bolsonaro (PL) de expor os responsáveis por aprovar a vacinação de crianças no Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) afirmou nesta sexta-feira (17) que repudia qualquer ameaça.

Bolsonaro, que sempre criticou a vacina contra a Covid e tentou barrar a imunização de menores de 18 anos, disse nesta quinta que pretendia divulgar o nome dos técnicos "para que todo mundo tome conhecimento quem são essas pessoas e obviamente forme seu juízo".

Na própria quinta, mais cedo, a Anvisa aprovou o uso da vacina da Pfizer contra a Covid para crianças a partir de cinco anos. A mesma medida já foi adotada por diversos países desenvolvidos.

"A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada, que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão", disse a agência em nota.

A agência fez uma referência direta a Bolsonaro no texto. Disse que o ambiente de trabalho do órgão regulador é "isento de pressões internas e avesso a pressões externas".

Em outubro, os cinco diretores da Anvisa foram ameaçados de morte caso ocorresse a aprovação da vacina para crianças. A ameaça foi feita por email.

Na nota, a Anvisa citou as ameaças de morte. O presidente da agência, Antonio Barra Torres, disse que a Polícia Federal ainda não respondeu ao pedido sobre garantir proteção dos dirigentes e técnicos mais expostos da agência. Procurada, a PF não se manifestou.

"Em outubro do corrente ano, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta agência nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento", disse a nota da Anvisa.

Apesar da liberação pela Anvisa, a vacinação de crianças contra a Covid não vai começar imediatamente. O Ministério da Saúde afirma que ainda terá de fazer mais debates para decidir sobre a imunização desse grupo.

De acordo com especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo, a vacinação de crianças é segura e representa um importante instrumento contra a pandemia de Covid. Embora os menores normalmente não tenham casos graves da doença, eles podem ser um importante vetor de transmissão do vírus.

Especialistas consideram necessário ter no mínimo 80% da população total vacinada para barrar a circulação do vírus. A preocupação com a transmissibilidade do coronavírus aumenta com o surgimento de variantes, como a ômicron.

As principais associações da indústria farmacêutica divulgaram nota nesta sexta em defesa da Anvisa. Apesar de não citarem Bolsonaro, o texto foi uma resposta às ameaças feitas pelo chefe do Executivo.

"O conhecimento e a seriedade dos técnicos da Anvisa são inquestionáveis, haja vista sua atuação irreparável diante do cenário caótico vivido nesse tempo de pandemia", disse nota assinada por 16 entidades, como o Sindusfarma, a Interfarma e a Pró-Genéricos."

"São inadmissíveis as ameaças que os servidores da Anvisa vêm sofrendo devido às aprovações de vacinas contra a Covid-19", dizem as principais representantes dessa indústria.

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