Muitas são as histórias sobre a lenda do boto cor-de-rosa, mas um relato que até parece fictício está se tornando uma questão cada vez mais real. Os animais estão atacando os próprios filhotes até a morte na Amazônia, esta deixando pesquisadores surpresos.
E não é de hoje que isso acontece. Em 2013 foi observado o primeiro ataque, e outros em 2014, 2016, 2017 e 2018. Segundo a cientista Vera Maria da Silva, membro da rede de especialistas em conservação da Natureza (RECN), da função Grupo Boticário, que lidera o estudo sobre a mudança de comportamento há 26 anos, diz que este comportamento agressivo não faz parte desta e de outras espécies de golfinhos de água doce.
Como os ataques acontecem
A líder do grupo de pesquisadores disse que, mesmo observando diariamente esses animais, as chances de notar um ataque desse porte são pequenas, já que a maior parte ocorre embaixo da água.
No entanto, ela destaca que um evento de agressão foi registrado por equipe da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) com o boto-cinza, da Baía de Guanabara. Não foi possível confirmar se o filhote morreu ou não. Em muitos casos o filhote sai com vida.
Os pesquisadores ainda tentam descobrir por que tão poucos registros foram feitos, e por que só recentemente esse comportamento foi observado.
Segundo Vera Maria, pode ser que esse tipo de comportamento já fosse frequente, mas fugiu aos olhos dos observadores. A hipótese encontra uma contestação, que está relacionada à profunda observação que os pesquisadores desenvolveram ao longo de anos dos botos da região.
“Há fêmeas que acompanhamos há cinco gerações: bisavó, avó, mãe, filha, neta. São vários animais bem conhecidos”, disse Vera à Agência Brasil. Todo ano são feitas expedições para capturar e marcar os animais, antes de devolvê-los aos rios”, disse a pesquisadora.
O porquê dos ataques
A equipe de biólogos acredita que a agressão a filhotes pode representar uma exibição sócio-sexual, o que significa que os botos utilizam os ataques para mostrar força diante de fêmeas.
A pesquisadora acredita que há possibilidade de haver um período com maior frequência desse comportamento — que é o correspondente ao nascimento dos filhotes, entre setembro e outubro de cada ano, o que daria forças para a teoria de que os ataques têm um componente sexual.
Outra possibilidade, segundo o estudo, é que as exibições violentas sejam resultado de uma patologia social, “que é encontrada em outros mamíferos que matam filhotes”, escreveram.
Os pesquisadores avaliam que o comportamento agressivo de alguns botos não pode encontrar paralelo no comportamento dos leões, que matam filhotes para passar seu DNA adiante, porque o boto não tem o comportamento de se manter com a mesma fêmea por um tempo prolongado.
“Essa agressão pode ser muito mais uma coisa disfuncional”, diz a pesquisadora.
*Com informações da CNN Brasil*
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