O deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) escolheu uma manifestação em Niterói (região metropolitana do Rio de Janeiro) e outra em Copacabana, na Zona Sul da cidade, para demonstrar apoio ao presidente Jair Bolsonaro, no Dia do Trabalhador, neste domingo (1º), em vez do ato organizado em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília. Durante o ato, ele fez apenas um breve discurso e não mencionou o STF (Supremo Tribunal Federal).
O bolsonarista se limitou a dizer que "ficou muito tempo calado" e que "aqui não tem teoria da conspiração, é muito real". Declarou ainda que "estava muito próximo de acontecer. Se não fosse o presidente Bolsonaro, essa cor amarela e verde não estaria acontecendo, estaria vermelha".
Ouvindo gritos de "Daniel Silveira", "Eô, eô, Daniel para senador", o político chegou ao local por volta das 10h15, no momento em que a manifestação ocupava cerca de um quarteirão. Ao final de seu rápido discurso, ele declarou: "Falei por várias vezes no privado com Bolsonaro e garanto para vocês, não tem nada que preocupa mais o presidente do que livrar o Brasil do socialismo que vem avançando".
Em seguida, levantou uma placa de rua com seu nome, do mesmo modelo que a placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL) destruída por ele durante manifestação em 2018, quando ainda era candidato ao Congresso pelo PSL.
O caminhão utilizado pelos manifestantes trazia uma faixa na qual se lia "no dia do trabalhador, lutamos pela liberdade!", ao lado de outro cartaz com os dizeres "Supremo é o povo".
A “trilha sonora” do ato bolsonarista contou ainda com uma paródia do funk "Baile de Favela", com várias frases sexistas: "As minas de direita são as top mais belas, enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela", "para as feministas ração na tigela" e "Maria do Rosário [deputada federal pelo PT] não sabe lavar panela".
Ainda na concentração, alguns discursantes do ato criticaram o uso da bandeira do arco-íris pelo público LGBTQIA+ e fizeram alusão a uma suposta tentativa da esquerda de transformar as crianças em gays. "Menino veste azul e menina veste rosa", gritou um dos participantes ao microfone.
Poucos jovens participaram da manifestação, que foi chamada de “a festa da democracia, do verdadeiro trabalhador”. A maior parte dos presentes era mais velho. Ao contrário dos atos de 7 de setembro do ano passado, dessa vez houve poucas citações às Forças Armadas.
Copacabana
Após a rápida passagem pelo ato em Niterói, Silveira seguiu para Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, onde o ato foi maior. Por volta do meio-dia, alguns quarteirões da orla estavam ocupados, ainda que com folga, por manifestantes e ao menos quatro carros de som.
Um repórter-fotográfico da Folha de S. Paulo e uma do jornal O Globo foram expulsos de um deles ao subirem para registrar a manifestação. Depois que eles desceram do veículo, os organizadores falaram ao microfone que ambos "só queriam mentir" sobre o teor e o tamanho da manifestação.
Em mais um breve discurso, Silveira se apresentou como "a personificação da liberdade de expressão". Ele voltou a dizer que não há teoria da conspiração e falou que a esquerda quer "adestrar" as crianças.
"Quem aqui ama a sua família? Quem aqui vai permitir que alguns poucos venham dominar os nossos filhos, doutrinando e até mesmo adestrando?", declarou. O deputado também disse que estava armado e se referiu ao ex-presidente e pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de forma pejorativa.
“Aquele outro, do outro lado, o de nove dedos, disse que ia acabar com armamento. Eu estou armado, e sempre vou estar armado. Aqui ninguém é bandido, não, aqui todo mundo quer se proteger. Aqui todo mundo quer ser livre, e é isso que o presidente prega", afirmou o ex-policial militar.
O deputado pediu ainda que os manifestantes que votariam em Bolsonaro levantassem a mão e comentou: "Essa é a verdadeira pesquisa". Na plateia, um apoiador retrucou: "Foda-se Datafolha".
Como pano de fundo, uma grande bandeira do Brasil com as palavras "Pátria armada!" era erguida por um guindaste. Em meio aos manifestantes, ambulantes vendiam as versões pequenas ao lado de bandeiras de Israel.
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